Ativistas iniciam campanha pela liberdade dos brasileiros-palestinos sequestrados por “israel”

Coletivo Palestina Livre da Baixada Santista produziu um manifesto com abaixo-assinado e um panfleto, o qual já foram distribuídas 2 mil cópias; grupo busca articular uma campanha nacional envolvendo outros comitês de solidariedade ao povo palestino

06/05/2025

Membros do Coletivo Palestina Livre da Baixada Santista após panfletagem pela libertação dos sequestrados por "israel". (Foto: Coletivo Palestina Livre - BS)

O Coletivo Palestina Livre da Baixada Santista iniciou, em abril, uma campanha que pretende ser nacional em defesa da liberdade dos brasileiros-palestinos sequestrados por “israel”. A campanha tem dois eixos: a difusão da informação sobre o caso, com a distribuição de milhares de panfletos nas ruas; e a elaboração de um manifesto em formato de abaixo-assinado a ser entregue ao governo brasileiro.

Os materiais (impressos e online) denunciam as condições desumanas a que estão submetidos os cidadãos brasileiros nas masmorras sionistas e exige justiça pela morte do jovem Walid Khaled Abdalla Ahmad, de 17 anos. O documento, intitulado “Manifesto de Brasileiros e Brasileiras pela Vida e Libertação dos Nossos Compatriotas Prisioneiros do Estado de Israel”, cita princípios constitucionais brasileiros, como a prevalência dos direitos humanos e a solução pacífica de conflitos, para exigir ação do Estado brasileiro.

“Nós decidimos criar essa petição porque, mesmo que sejamos um coletivo regional, que faz o trabalho de conscientização e agitação com os trabalhadores locais, também podemos pressionar as autoridades nacionais, além de influenciar os outros coletivos pela Palestina do resto do país a seguirem o nosso exemplo”, afirma Caio Roma, um dos membros do coletivo. A petição (com a íntegra do manifesto) pode ser assinada aqui.

Morte de jovem brasileiro sob custódia “israelense”

O manifesto menciona a morte de Walid Khaled Abdalla Ahmad, ocorrida na prisão “israelense” de Megido, destacando a gravidade do caso. Segundo o Itamaraty, o adolescente, residente na Cisjordânia, foi detido em setembro de 2024 e transferido para o cárcere “israelense”, onde veio a falecer. A Fepal confirmou que a autópsia revelou que a morte foi causada por “fome, desidratação por diarreia induzida por colite e complicações infecciosas, tudo agravado por desnutrição prolongada e privação de intervenção médica”.

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Além de Walid, outro jovem brasileiro, Salah Al-Din Yasser Hamad, de 17 anos, está sofrendo maus-tratos na prisão de Ofer, como revelou reportagem da Fepal. O manifesto acusa “israel” de submeter os presos a condições degradantes, violando normas internacionais de direitos humanos e cometendo crimes de guerra.

Denúncia de violações e exigências ao Estado Brasileiro

O texto critica a política sionista não apenas em relação aos prisioneiros, mas também ao genocídio na Palestina, citando bombardeios a civis, hospitais e escolas, além do bloqueio a ajuda humanitária, o que já matou mais de 62 mil pessoas em Gaza. Os signatários exigem que o Brasil atue de forma enérgica para:

1. Garantir a libertação e proteção dos brasileiros presos;
2. Investigar e responsabilizar os envolvidos na morte de Walid;
3. Apoiar um cessar-fogo imediato e o fim da ocupação “israelense” na Palestina.

Nathalia Facion, outra organizadora do coletivo, destaca a necessidade de informar a população brasileira sobre a situação dos sequestrados e dos habitantes de Gaza, dizimados pela máquina de extermínio sionista. “O poderio de narrativas está nas mãos dos nossos algozes, e é com o objetivo de lutar contra a violência ao povo árabe-palestino e a disseminação do projeto sionista colonial que nós atuamos e estamos puxando a petição pela libertação dos brasileiros que estão nas masmorras israelenses”, conta.

Somado ao manifesto, o coletivo elaborou e imprimiu um panfleto para ser distribuído primeiramente na Baixada Santista e, conforme a campanha vá se espalhando para o Brasil, também nas outras cidades e estados do país. Cerca de 2 mil cópias já foram distribuídas nos primeiros dias da campanha, incluindo na manifestação local do 1° de Maio. O panfleto também denuncia a situação que levou à morte de Walid e aos maus-tratos de Salah. “Seus pais mal o reconhecem: está extremamente magro, desnutrido e sobrevivendo em condições brutais”, diz o texto. O coletivo afirma que Salah está em um “campo de concentração militar onde presos sofrem torturas diárias, incluindo choques elétricos – e muitos já morreram”.

O panfleto vai além dos casos individuais e conecta a situação dos brasileiros ao extermínio mais amplo cometido por “israel” na Palestina. “Antes de Walid, Israel já havia matado outras crianças e adolescentes brasileiros”, cita o texto, mencionando Fátima Abbas (1 ano), Ali Kamal Abdallah (15 anos) e Myrna Raef Nasser (16 anos).

O coletivo acusa “israel” de promover um genocídio em Gaza e denuncia a cumplicidade de potências ocidentais: “Tudo isso é feito com o apoio incondicional dos Estados Unidos e das potências europeias. Os governos desses países também têm suas mãos sujas de sangue palestino – e agora, brasileiro”.

“O Brasil não pode ficar em silêncio!”

Diante do que classificam como uma “emergência humanitária”, os ativistas exigem do governo brasileiro: 1) Resgate imediato dos presos brasileiros; 2) Rompa relações diplomáticas com Israel; 3) Mobilize a comunidade internacional contra as violações.

Salah Mohamad Ali, representante da comunidade árabe da Baixada Santista e membro do coletivo, afirma que “prender e tratar essas pessoas de uma forma cruel e criminosa, proibindo contatos com eles e até mesmo impedir que tenham acesso a remédios e tratamento hospitalar é uma norma adotada pelos carcereiros e pelas forças de segurança de Israel”.

Ele acrescenta que, ao deter os cidadãos brasileiros, inclusive assassinando um deles, colocando-os ao lado de outros 10 mil palestinos sequestrados para as masmorras sionistas (contando crianças e mulheres), “israel” está fazendo com que os cidadãos brasileiros, ao lado da comunidade árabe e palestina, comecem a se mobilizar em todo o país.

“A comunidade árabe no Brasil deseja que o governo brasileiro pressione o regime sionista para soltar os onze brasileiros imediatamente. Pedimos também que nossa comunidade continue se manifestando para terminar com o cerco criminoso, o genocídio, a limpeza étnica, a guerra de agressão e à imigração forçada, bem como para liberar a entrada de remédios, alimentos e água para a Faixa de Gaza e acabar com a política de destruição e matança na Cisjordânia e no restante da Palestina”, conclui.

Outro ativista do Coletivo Palestina Livre da Baixada Santista, Fábio Lopes, destaca a coragem e a relevância da campanha, que fortalece a “construção consistente de uma sólida frente de resistência ideológica, agitação e propaganda política em prol do destemido, inquebrantável e resiliente povo palestino”.

O texto do panfleto da campanha afirma ainda que, “mesmo sem brasileiros envolvidos, já seria dever moral agir. Mas cidadãos do Brasil estão sendo torturados e mortos por Israel”. O coletivo anuncia uma campanha nacional para pressionar autoridades e conscientizar a população, com o lema: “Liberdade já para os brasileiros nas masmorras israelenses!”.

O movimento planeja articular ações com os outros coletivos e comitês de solidariedade à Palestina, sugerindo uma plenária nacional para organizar a campanha e distribuir os materiais a milhões de pessoas Brasil afora. “Agora é preciso intensificar a campanha para forçar o governo a resgatar nossos cidadãos”, afirma o texto.

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