Brasil comemora Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino
Reportagem do MEMO internacional ouviu a FEPAL sobre a importância de – mesmo com as restrições da pandemia – promover agendas alusivas ao Dia de Solidariedade com o Povo Palestino.

Representantes da comunidade palestina na Câmara Municipal de Florianópolis em atividades alusivas ao Dia de Solidariedade com o Povo Palestino de 2019 (Foto: Câmara Municipal de Florianópolis)
Pouco antes do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino deste ano, 164 países votaram a favor do direito dos palestinos à autodeterminação em uma sessão do Terceiro Comitê da ONU realizada em 19 de novembro. Notavelmente, o Brasil votou a favor da autodeterminação dos palestinos depois de votar contra em dois anos consecutivos, após o início do mandato de Jair Bolsonaro em outubro de 2018. Com esta última votação, o Brasil voltou à posição que tinha assumido regularmente em relação ao conflito na Palestina ocupada.
“O voto do Brasil pelo direito palestino à autodeterminação é louvável e apreciável, mas não há autodeterminação sem fronteiras específicas, recursos naturais e um território claramente definido”, explicou Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL).
Embora a política externa de Bolsonaro promova o relacionamento do Brasil com Israel, o povo brasileiro ainda mantém sua promessa aos palestinos e mostra sua solidariedade no dia 29 de novembro de cada ano. A data foi escolhida pela ONU em 1977, pois foi em 29 de novembro de 1947 que a Assembleia Geral adotou a Resolução 181, o Plano de Partilha da ONU para a Palestina.
O Dia Internacional da Solidariedade lembra ao mundo que a questão da Palestina continua sem solução e que o povo palestino ainda espera pelo cumprimento de seus direitos nacionais, civis e humanos.
“Reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos direitos do povo palestino”, disse Rabah. “É um dia para a humanidade renovar seu compromisso com o povo palestino. Nunca devemos permitir que tal limpeza étnica aconteça novamente”.
As medidas em vigor para conter a disseminação da Covid-19 fizeram com que os eventos de solidariedade deste ano ocorressem online. “Nós vamos concentrar em atividades ao longo de uma semana de ação para marcar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino”, explicou Rabah. “Uma série de gráficos e vídeos estão circulando nas redes sociais. Temos experiência nesse sentido com ótimos resultados”.
No ano passado, a FEPAL fez uma exposição pública de fotografias e cartazes em Porto Alegre, intitulada “Palestina: da Limpeza Étnica à Resistência e ao Reconhecimento Internacional”. Este ano, a exposição está online e cita declarações públicas de figuras conhecidas como Albert Einstein, Nelson Mandela e Roger Waters.
A Federação Israelense do Rio Grande do Sul reagiu fortemente e tentou censurar a mostra em 2019 pressionando a mídia e a Assembleia Legislativa. De acordo com Rabah, esses esforços não tiveram sucesso. “A exposição foi visitada por milhares de pessoas, que tiraram fotos e postaram nas redes sociais. Isso aumentou o alcance da exposição exponencialmente.”
A FEPAL também lançou pela primeira vez um Curso de Geopolítica online e gratuito, em parceria com a Juventude Palestina Árabe-Brasileira – SANAÚD. O objetivo é aumentar a conscientização sobre a Palestina nos próximos anos. O curso contém quatro módulos que cobrem a limpeza étnica do povo palestino, o mundo árabe pós-Oslo, o “acordo do século” e a normalização com a ocupação israelense.
Além disso, a FEPAL desenhou alguns frames e pediu ao povo brasileiro que os usasse como imagens de perfis em redes sociais no Dia da Solidariedade com a mensagem “Solidariedade ao Povo Palestino – 29 de novembro”. A campanha recebeu muitas respostas positivas.
Em 2019, a FEPAL e 210 parlamentares brasileiros, entre senadores e deputados federais, comemoraram o Dia Internacional da Solidariedade ao Povo Palestino no Plenário da Câmara dos Deputados em Brasília. Trabalhar para a Palestina não deve se limitar a apenas um dia por ano, no entanto. Existem várias coisas que os palestinos na diáspora deveriam encorajar.
“Devemos manter nossas tradições, cultura, idioma e identidade”, disse Rabah. “Se não o fizermos, então nossos filhos e os filhos de nossos filhos e assim por diante não reconhecerão mais sua ancestralidade palestina. Devemos também ocupar lugares em parlamentos, governos e sociedade civil, incluindo sindicatos, partidos políticos e outras associações, escolas e universidades.”
O sonho de um Estado palestino independente ainda não viu a luz do dia, mas o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino oferece uma ocasião para celebrar sua incrível resiliência, força e desenvoltura. Eles continuam determinados a ficar em suas terras, enquanto os refugiados continuam determinados a exercer seu direito legítimo de retorno, apesar dos esforços contínuos de Israel para apagar a identidade palestina e obliterar a própria existência do povo palestino. Isso acontecerá, com apoio global, enquanto os corações baterem de amor pela Palestina, independentemente do que os governos façam ou digam. A falecida lenda do futebol Diego Maradona disse de forma muito sucinta: “Meu coração é palestino.” Precisamos de mais pessoas como Maradona.
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