FEPAL pede à CNBB que interrompa mostra sobre Jerusalém na Catedral de Brasília

20/12/2021

A FEPAL condenou, em carta à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a mostra “Jerusalém, a Cidade da Fé”, aberta no último dia 16, na Catedral Metropolitana de Brasília, numa “parceria” entre a embaixada de Israel e a igreja. A mostra traz fotos de sítios históricos de Jerusalém Oriental, ocupada ilegalmente por Israel, em desobediência a diversas resoluções da ONU que pedem sua desocupação.

Na carta, que pede o cancelamento da mostra, a entidade palestino-brasileira argumenta que qualquer tipo de coordenação com Israel para assuntos de Jerusalém Oriental “legitima as ocupação e anexação” desta parte da cidade. Citando 13 resoluções da ONU, a carta diz que Jerusalém é a parte mais afetada pela ocupação ilegal da Palestina, com “práticas ilegais que a judaízam e a descaracterizam como cidade palestina, cristã e muçulmana e patrimônio da humanidade”.

Para a FEPAL, só é possível à Igreja Católica tratar com a Palestina quando o assunto é Jerusalém Oriental porque “Brasil e Vaticano acatam todas estas resoluções e reconhecem a Palestina como Estado Soberano, com Jerusalém Oriental integrante de seu território”.

A carta lembra, ainda, que Israel pratica crimes de lesa-humanidade na Palestina, especialmente em Jerusalém Oriental. Segundo o documento, são “recorrentes (em Jerusalém Oriental) profanações de igrejas, mesquitas e outros sítios sagrados e restrições aos fiéis de exercerem suas fés ou acessarem os locais de culto, clara afronta aos direitos humanos”.

Enviada com cópia à Arquidiocese de Brasília, a carta ainda não obteve resposta, mas para o presidente da FEPAL, Ualid Rabah, a Igreja Católica “tem sabido respeitar os direitos humanos na Palestina e até os tem denunciado, razão pela qual acreditamos que haverá sensibilidade da CNBB para esta questão, que é grave e não condiz com a posição histórica da diplomacia da Santa Sé”.

Confira a íntegra da carta da FEPAL para a CNBB

V.Ex.ª. Reverendíssima DOM JOEL PORTELLA AMADO

Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Brasília-DF

Excelentíssimo Senhor

Em vista da mostra fotográfica “Jerusalém, a Cidade da Fé”, inaugurada dia 16, na Catedral Metropolitana de Brasília, fruto de “parceria” entre a Igreja Católica e a embaixada de Israel, protestamos contra esta afronta aos direitos humanos do povo palestino pelas seguintes razões e fundamentos:

• As fotos em questão retratam os templos religiosos que há em Jerusalém Oriental, o que pode soar inofensivo e meramente informativo. Entretanto, esta parte da cidade é, por resoluções da ONU e pelo Direito Internacional, declarada ilegalmente ocupada por Israel, uma potência colonial;

• A ilegalidade da ocupação de Jerusalém está na Resolução 181 da ONU, que a considerou um corpus separatum, e por incontáveis outras, com destaques para 252 (1968), 267 (1969), 271 (1969), 298 (1971), 465 (1980) e 476 e 478, ambas de 1980, que a condenam e dão por nulas a anexação da cidade e o ato que a declara capital de Israel;

• Outras resoluções da ONU, como as 242 (1967), 446 (1979), 51/223 (1997), 10/6 (1999) e 2334 (2016), que condenam Israel por tomar território pela força, assim como a ocupação construção de assentamentos nestes territórios, são aplicáveis a Jerusalém Oriental, a porção palestina mais afetada por estas práticas ilegais, que a judaízam e a descaracterizam como cidade palestina, cristã e muçulmana e patrimônio da humanidade;

• Brasil e Vaticano acatam todas estas resoluções e reconhecem a Palestina como Estado Soberano, com Jerusalém Oriental integrante de seu território;

• Os direitos de cidadania e religiosos em Jerusalém estão afetados pela ocupação, com recorrentes profanações de igrejas, mesquitas e outros sítios sagrados e restrições aos fiéis de exercerem suas fés ou acessarem os locais de culto, clara afronta aos direitos humanos;

• Coordenar-se sobre Jerusalém, inclusive em “parceria”, com a potência ocupante e não com a Palestina, de que é capital, implica desobediência às resoluções da ONU, ao Direito Internacional, o humanitário especialmente, assim como às posições oficiais de Brasil e Vaticano neste tema.

Pelo exposto, uma apertada síntese dos crimes de lesa-humanidade praticados contra o povo palestino nesta cidade sagrada e metrópole do monoteísmo, dente eles o de limpeza étnica, condenamos esta “parceria”, que legitima as ocupação e anexação de Jerusalém Oriental, e pedimos à Igreja Católica que interrompa, em respeito aos direitos humanos, esta mostra.

Palestina Livre a partir do Brasil, 17 de dezembro de 2021, 74º ano da Nakba.

Notícias em destaque

24/06/2024

DA REPATRIAÇÃO ILEGAL DA FAMÍLIA PALESTINO-MALAIA À CONSTRUÇÃO DO TOTALITARISMO NO BRASIL

Sobre a repatriação, ontem, por ordem judicial, do cidadão palestino Muslim [...]

LER MATÉRIA
27/05/2024

Repórteres Sem Fronteiras apresenta terceira queixa ao TPI sobre crimes de guerra israelenses contra jornalistas em Gaza

Apresentada em 24 de Maio, três dias antes do nono aniversário da Resolução [...]

LER MATÉRIA
26/05/2024

A humanidade precisa parar “israel” como parou o nazismo: pelas armas

Os horrores testemunhados pela humanidade hoje, em Rafah, extremidade sul [...]

LER MATÉRIA
15/05/2024

Ato na Assembleia Legislativa de SP relembra 76 anos da Nakba denuncia genocídio na Palestina

Na segunda-feira à noite, mais de duzentas pessoas, dezenas delas [...]

LER MATÉRIA
11/04/2024

Caiado e Tarcísio em Israel: uma viagem muito estranha e sem respostas.

Uma viagem estranha, que teve por objetivo inicial prestar apoio e [...]

LER MATÉRIA
05/04/2024

Prefeitura de São Leopoldo reinaugura Praça Palestina.

Nesta terça-feira, 2 de abril, realizou-se a cerimônia de entrega da obra [...]

LER MATÉRIA