Grupo de brasileiros soma-se à Marcha Global para Gaza, com cerca de 10.000 pessoas

Caravana reúne ativistas e movimentos de países dos cinco continentes e marchará 50 km, até a fronteira do Egito com Gaza, a fim de denunciar o genocídio e exigir que "israel" encerre o bloqueio

12/06/2025

Centenas de ativistas da Mauritânia, Marrocos, Argélia e Tunísia partem da Tunísia como parte do "Comboio da Resistência do Magrebe", organizado para romper o bloqueio israelense a Gaza e demonstrar solidariedade ao povo palestino, em 9 de junho de 2025. [Mohamed Mdalla - Agência Anadolu]

Uma coalizão de movimentos sociais, humanitários, ativistas independentes e coletivos de solidariedade ao povo palestino se formou para uma das maiores manifestações internacionalistas da história. A Marcha Global para Gaza reúne cerca de 10.000 pessoas, das quais até 3.000 são provenientes das Américas, Europa e Oceania, em uma caminhada de quase 50 km do Cairo para a fronteira com a Palestina, em Rafah.

Aproximadamente 7.000 manifestantes vindos de diversas nações africanas, em especial Argélia e Tunísia, se encontrarão nesta quinta-feira (12) com as outras 3.000 vindas de fora da região na capital egípcia. O comboio de ônibus, carros e camionetes do Norte da África fará a parada no Cairo e absorverá o restante da multidão. Então, a caravana seguirá pela estrada até o checkpoint da cidade de al-Arish, na sexta (13). A partir de lá, a massa humana de solidariedade com a Palestina caminhará a pé até as proximidades de Rafah – cuja entrada para a Faixa de Gaza está bloqueada pelas autoridades egípcias e pelo regime genocida de “israel”. Na fronteira, as dezenas de milhares de ativistas irão acampar durante alguns dias, a partir de domingo (15), o grande auge do protesto global. Depois, os manifestantes voltarão para o Cairo.

Cinco brasileiros – três mulheres e dois homens – irão participar dessa marcha histórica em denúncia do genocídio televisionado cometido pela tirania “israelense”, que já matou mais de 66.000 palestinos em pouco mais de um ano e meio. Eles fazem parte da comitiva portuguesa, composta também por galegos, com mais de 40 pessoas.

Uma das brasileiras é a advogada Andréa Haddad Gaspar, de São Paulo. Em conversa com o site da Fepal, ela explica que o movimento tem um forte caráter simbólico e pacífico, uma vez que a ocupação sionista impede até mesmo a entrada de comida em Gaza. Ela se sentiu compelida à ação diante da imobilidade de alguns governos e da colaboração de outros no genocídio cometido por Tel Aviv.

“Como muitas pessoas que eu conheci desde o 7 de outubro de 2023, estou indignada com as imagens que chegam de Gaza. Me tornei uma ativista humanitária. Conheci tanta gente nessa causa e agora ajudo em campanhas de doação para Gaza”, diz. “Tento levar a verdade histórica, mas onde minha mensagem teve um maior alcance foi nas mídias sociais.”

Essa é a primeira “missão” internacionalista de Andréa. Ela quase participaria de uma caravana semelhante, organizada no ano passado, para levar ajuda humanitária a Gaza. Porém, o governo do Egito, comprometido com “israel”, proibiu a manifestação.

Andréa conta que a comitiva formada por portugueses, galegos e brasileiros se dividiu em diversas frentes de atuação auto-organizadas para cuidar da logística, segurança, alimentação, comunicação e entretenimento dos participantes. Como advogada, ela atua na segurança do grupo.

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A jornalista gaúcha residente em São Paulo Gabriela Albandes Gomes participa da frente de comunicação da comitiva. Sua principal motivação para a ida à Marcha é a necessidade do ativismo, mas o faro jornalístico também conta. A cobertura in loco da maior marcha de solidariedade internacional do século, afinal de contas, é um acontecimento jornalístico excepcional.

O primeiro conflito que Gabriela acompanhou em sua vida foi a guerra de “israel” contra o Líbano, quando ainda era criança. Agora, “israel” está novamente agredindo um povo inocente. “Fiquei muito abalada após o início do genocídio em Gaza”, conta à Fepal. Ela passou a fazer postagens nas redes sociais e conversar pessoalmente com alguns conhecidos a respeito do genocídio, mas percebeu que mesmo pessoas de esquerda são vítimas da propaganda sionista. “É muito chocante esse nível de desinformação”, diz.

Gabriela avaliou que, apesar de denunciar o genocídio nas redes sociais e de esclarecer os seus amigos sobre a realidade em Gaza, tinha que agir mais. “Eu pensei: ‘preciso ir, isso que estou fazendo é muito pouco’”, lembra. Agora, ela quer conhecer ativistas estrangeiros para articular as ações de apoio à Palestina. Também quer voltar a trabalhar com jornalismo, após um tempo afastada da área. “Tem muito trabalho de educação para ser feito, inclusive contra o colonialismo de forma geral.”

Andréa teve um sentimento parecido com o de Gabriela. “Eu preciso parar de ficar apenas sentada no sofá”, pensou. Agora elas estão agindo e representando a solidariedade brasileira na Marcha Global para Gaza.

Ainda nesta quinta-feira, a organização da marcha informou que ao menos 170 participantes estão sendo ameaçados de deportação pelas autoridades egípcias. Apesar disso, a organização garante a que marcha irá continuar e que os planos continuam os mesmos. Seus advogados já estão agindo para garantir a segurança de todos os que chegam ao Cairo.

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