Invasores israelenses indicam que vão anexar o norte de Gaza
Altos oficiais do exército sionista disseram abertamente que buscam uma limpeza étnica para roubar mais uma fatia do território palestino
09/11/2024Fluxos de palestinos foram vistos saindo de Beit Lahiya no norte de Gaza para se mover mais para o sul na quarta-feira. Foto: Anadolu
O exército israelense anunciou que os palestinos deslocados do norte da Faixa de Gaza não terão permissão para retornar às suas casas, alegando a criação de uma “zona de segurança”.
Na terça-feira da última semana, o brigadeiro-general Itzik Cohen afirmou: “não há intenção de permitir que os moradores do norte da Faixa de Gaza retornem às suas casas.” Sequer será permitida a entrada de ajuda humanitária.
O exército e o governo israelense negaram repetidamente tentar forçar a população restante do norte de Gaza a fugir para a relativa segurança do sul (comparada com o norte) durante uma ofensiva renovada de um mês e cerco mais apertado, lembrou o jornal The Guardian. Moradores que ainda estão se no norte disseram que a nova operação criou as piores condições da ofensiva genocida até o momento.
O diário britânico destacou ainda que grupos de direitos humanos e agências de ajuda alegaram que, apesar das negações, “israel” parece estar executando uma versão do chamado “plano dos generais”, que propõe dar aos civis um prazo para sair e então tratar qualquer um que permaneça como um “terrorista” (como os invasores chamam todos os palestinos, para justificar seu extermínio).
Esse anúncio acentua as pretensões sionistas de anexação de todo o território palestino, dando continuidade ao genocídio e à limpeza étnica que já duram quase 80 anos e que têm em sua atual fase (iniciada em 7 de outubro de 2023) o ápice da barbárie e do fascismo.
Recentemente, altos funcionários das forças armadas israelense disseram abertamente ao jornal Haaretz que, “sem outras alternativas disponíveis”, o regime pretende anexar grandes partes do território.
Segundo estimativas da ONU e de organizações de direitos humanos, as forças de “israel” submetem aproximadamente dois milhões de palestinos a condições de bloqueio, com acesso restrito a recursos essenciais, incluindo água potável, eletricidade e alimentos. Dados recentes indicam que os bombardeios destruíram cerca de 50 mil residências, além de hospitais, escolas e centros de refúgio, forçando mais de 1,4 milhão de pessoas a deixarem suas casas. Esse deslocamento interno massivo vem sendo descrito como uma prática de “limpeza étnica”, denunciada por diversas ONGs como um esforço sistemático para remover os palestinos de suas terras.
“israel” dividiu em dois o território da Faixa de Gaza, no início do ano, para facilitar o cerco genocida. Agora o projeto norte também está sendo separado, segundo Cohen. Por volta de 400.000 pessoas não têm conseguido seguir as infames advertências dos invasores para que deixem o norte de Gaza, uma prova nítida de que está sendo executada para limpeza étnica.
Muitos palestinos, contudo, têm tentado sair do norte com seus filhos e famílias, buscando salvar suas vidas da carnificina desencadeada por “israel”. Vários não comem há dias, disse Huda Abu Laila à Associated Press. “Viemos descalços. Não temos sandálias, nem roupas, nada. Não temos dinheiro. Não há comida ou bebida”, completou.
As estatísticas de mortes civis são alarmantes. Relatórios de fontes locais e organizações internacionais estimam que, nos últimos 13 meses, cerca de 44.000 palestinos, sendo 70% crianças e mulheres, foram mortos nos bombardeios israelenses. Esses números, embora chocantes, representam apenas uma parte do impacto devastador das operações militares sionistas, uma vez que o bloqueio constante impede que feridos graves sejam transportados para hospitais fora de Gaza. Estima-se que a taxa de mortalidade nos hospitais locais tenha aumentado em função da falta de equipamentos médicos e medicamentos, muitos dos quais são barrados nas fronteiras controladas por Israel.
Essas ações fazem parte de uma política descrita como de “punição coletiva” pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, que reiteradamente condena o bloqueio e as operações militares de extermínio de “israel”. A estratégia de manter a população palestina sob controle rígido já era vista como uma violação direta do direito internacional, particularmente no que se refere aos direitos dos civis em áreas de conflito. Depois que eles começaram a ser massacrados, ficou claro qual era o objetivo do bloqueio.
O genocídio também é marcada pelo desaparecimento de centenas de palestinos, cujas famílias ainda aguardam notícias de seus entes queridos, embora quase sem esperança de que estejam vivos. Cerca de 10.000 estão detidos em condições desumanas nas masmorras israelenses, sem direito a julgamentos justos ou assistência legal, o que configura uma violação das convenções de Genebra sobre o tratamento de prisioneiros de guerra e civis em tempos de conflito. Como se isso não fosse suficiente, a própria ONU tem denunciado casos incontáveis de torturas e todo o tipo de humilhação impingida aos palestinos sequestrados pelos invasores.
Fora os 44.000 mortos oficiais e os 10.000 presos políticos, há ainda cerca de 10.000 desaparecidos embaixo dos escombros causados pela destruição completa da infraestrutura da Faixa de Gaza pela invasão sionista. Infelizmente, embora essas pessoas não constem nos dados oficiais de mortos, todos sabem que nenhuma delas conseguiu ou conseguirá sobreviver. Assim, “israel” já assassinou 54.000 palestinos em pouco mais de um ano.
Para além das mortes e desaparecimentos, o impacto psicológico e social da ocupação e dos bombardeios é devastador. Com o fechamento das escolas, a suspensão de atividades econômicas e a constante ameaça de ataques aéreos (que são concretizados diariamente), o futuro de toda uma geração palestina é posto em risco, com consequências graves para o desenvolvimento humano e social em Gaza. De fato, o que “israel” quer é acabar com o futuro da Palestina, haja visto o tamanho do infanticídio e do feminicídio executados pelos sionistas. Essa é uma clara demonstração das intenções e da prática genocida de “israel”.
A Necessidade de Intervenção Internacional
A resposta da comunidade internacional tem sido alvo de críticas por sua absoluta ineficácia em proteger os civis palestinos. Embora organizações como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch reiterem que as ações de “israel” em Gaza violam o direito internacional humanitário, a falta de sanções efetivas e a ausência de uma ação diplomática concreta alimentam o ciclo de violência e impunidade.
Isso se deve porque “israel” é o grande protegido dos Estados Unidos, país que controla todas as instituições internacionais fundadas ao final da II Guerra Mundial, como a própria ONU. Já foram cinco votações no Conselho de Segurança para aprovar um cessar-fogo, mas os Estados Unidos vetaram praticamente todas para permitir que “israel” continue exterminando crianças palestinas. A outra foi aprovada pelos Estados Unidos somente porque não obrigaria “israel” a parar o genocídio, mas, ao contrário pressionaria a resistência Palestina a se entregar diante dos colonizadores.
As condições impostas pelo exército israelense, incluindo a proibição de retorno para os deslocados, reforçam um cenário de ocupação permanente, que tem como objetivo final consolidar e completar o processo de roubo das terras palestinas através do genocídio de todos aqueles que nela habitam há milhares de anos. Os apelos e ações concretas por uma intervenção que garanta a proteção e o direito dos palestinos à autodeterminação são cada vez mais urgentes.
O genocídio palestino é o resultado de uma série de violações graves dos direitos humanos e do direito internacional. As restrições ao retorno, a destruição massiva de casas e infraestruturas, o bloqueio e as milhares de mortes indiscriminadas são parte de uma política deliberada e criminosa que precisa ser parada imediatamente. A voz do povo palestino, sufocada pela violência genocida e pelo cerco sionista, é, no entanto, ecoada pelos quatro cantos do mundo por milhões de ativistas e povos solidários que clamam por justiça e paz em meio a um cenário de extermínio prolongado.
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