Lula ganha nos países árabes, mas com maior diferença na Palestina

31/10/2022

Primeiro discurso de Lula como presidente eleito do Brasil (Foto: Carla Carniel/Reuters)

O ex-presidente Lula, eleito no dia 30 para seu terceiro mandato, derrotando o candidato à reeleição Jair Bolsonaro, foi mais bem votado, na média, nos países árabes (56,48% contra 43,52% de seu adversário) do que no Brasil (50,9% contra 49,1%). Dos países árabes em que houve votação para o segundo turno presidencial brasileiro, Lula venceu em sete e Bolsonaro cinco.

O candidato petista venceu nos maiores e mais importantes países árabes: Palestina, Egito, Arábia Saudita, Marrocos, Líbano, Jordânia e Tunísia. Líbano, Palestina e Jordânia (basicamente jordanianos ali residentes, expulsos de suas terras por Israel, em 1948 e 1967), além da Síria, país em que não houve urna para os brasileiros lá residentes, são os países de origem da grande comunidade árabe no Brasil, estimada em até 12 milhões.

Já o presidente foi vitorioso apenas em cinco das seis – na mais importante, Arábia Saudita, Lula venceu – petromonarquias do chamado Golfo Pérsico: Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Bahrein, nos quais há presença ínfima de imigração para o Brasil, razão pela qual poderiam estar menos influenciáveis pelas eleições brasileiras.

A Palestina deu a maior vitória para Lula entre os árabes: 90,5% contra apenas 9,5% para Bolsonaro, basicamente repetindo os números de 2018, quando o candidato do PT foi Fernando Haddad. A segunda maior votação de Lula foi no Marrocos (82,61% contra 17,39%) e a terceira veio da Jordânia (76,5% contra 23,5%). No Líbano Lula bateu Bolsonaro por 59,14% a 40,86%.

Para o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, estes países têm em comum grandes migrações para o Brasil – a maior parte da marroquina é mais recente -, o que faz com que haja mais interesse e interação de seus eleitores no exterior com o Brasil. “Podem estar mais preocupados com os destinos do Brasil e mais afetados pela recente onda de ódio, intolerância, racismo e xenofobia, que atingiu especialmente os brasileiros de origem árabe, e ainda mais os de fé muçulmana”, observou Rabah.

O presidente da FEPAL destacou, ainda, que no caso palestino, a preferência avassaladora, até “desequilibrada” por Lula – e por Haddad em 2018 –, decorre dos ataques promovidos por Bolsonaro à Palestina e aos direitos do povo palestino. “Bolsonaro adotou uma política externa totalmente subordinada a Israel, quase que obedecendo suas ordens integralmente, em clara afronta aos direitos humanos, ao direito internacional e a todas as resoluções da ONU, chegando a votar contra a Palestina na OMS, no caso das vacinas contra a Covid-19, em plena pandemia”, lembrou Rabah.

Rabah destaca, ainda, que a grande preferência por Lula na Jordânia também está associada à grande presença palestina neste país, na condição de refugiada. “Até porque praticamente não há no Brasil jordanianos propriamente, senão palestinos que vieram de lá e que para este país retornam ou têm familiares”, explica.

Outros países do OM

O ex-presidente Lula também venceu (58,81% contra 41,19%), na média, nos outros três países do Oriente Médio – Turquia, Irã e Israel.

A vitória do petista foi garantida pelos eleitores na Turquia, que deu ao presidente 67,38% nas duas urnas abertas no país: na capital Ancara, que deu a Lula 71,43% e a Bolsonaro 38,57%, e em Istambul, em que Lula vendeu por 63,33% contra 36,67%.

Já nos tecnicamente inimigos Irã e Israel, saiu vitorioso o presidente Bolsonaro. No Irã, Bolsonaro obteve 52,94% e Lula 47,06%. Em Israel Bolsonaro praticamente repetiu a votação entre os iranianos, obtendo 53,43%, contra 46,56% dados a Lula.

Em junho deste ano, a FEPAL promoveu um encontro com o então candidato Lula para entregar a ele uma carta com proposições da comunidade palestina do Brasil para um eventual governo, que se confirmou neste domingo.

Notícias em destaque

21/10/2024

Como atiradores israelenses atacam palestinos a sangue frio e escapam impunes

Por Humaira Ahad* Em uma bela manhã de fevereiro, o garoto palestino Imad [...]

LER MATÉRIA
20/10/2024

Agentes da USAID operam dentro de campo de torturas em Israel

Por John Miles* Representantes da controversa agência governamental dos [...]

LER MATÉRIA
19/10/2024

Promotores avaliam caso criminal sobre interferência de Israel no TPI

Promotores holandeses estão avaliando a possibilidade de abrir um caso [...]

LER MATÉRIA
18/10/2024

Tribunal reconhece que antissionismo não é antissemitismo

Por Matthew Weaver* A crença de que as ações de Israel equivalem a [...]

LER MATÉRIA
17/10/2024

Assassinar Sinwar não deterá o fim do sionismo e a libertação da Palestina

Yahya Sinwar, líder político do Hamas, ascendeu ao martírio em combate com [...]

LER MATÉRIA
17/10/2024

Restam poucas equipes médicas no sitiado norte de Gaza, diz médico

Por Syed Zafar Mehdi* As equipes médicas que ficaram no norte de Gaza em [...]

LER MATÉRIA