Massacre étnico na Nova Zelândia e o perigo da xenofobia no mundo

15/03/2019
Por: Elayyan Taher Aladdin

O massacre nas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, é mais uma triste evidência do que a intolerância religiosa e a xenofobia podem causar à sociedade. A onda nacionalista que cresce no mundo todo – e assusta imigrantes e refugiados – atingiu até mesmo um dos países mais pacíficos do mundo, que em 2017 teve apenas 35 homicídios.

O assassino usava trajes militares, capacete e colete à prova de balas. Ele transmitiu tudo pela internet e depois publicou uma mensagem chamando os imigrantes de “invasores”. Já havia publicado um manifesto numa rede social, no qual elenca líderes racistas norte-americanos como seus heróis. Disse também que suas motivações incluíam “criar uma atmosfera de medo” e incitar a violência contra muçulmanos.

É muito triste para nós – descendentes de refugiados árabes, muçulmanos e cristãos – ter de justificar, a cada nova agressão, que não somos radicais ou terroristas. Que se nós ou nossos antepassados emigraram foi por necessidade, por perseguição étnica, expropriação de terras e violação de direitos. Aqueles que morreram em Christchurch eram parte dessa diáspora, cidadãos comuns, dispersos pelo mundo em busca de melhores condições de vida.

Crimes bárbaros como esse são motivados pela cultura do ódio, da intolerância e da violência que vêm ganhando espaço nos últimos anos, inclusive no Brasil. Guardadas as especificidades, são os mesmos gatilhos da tragédia em Suzano. Os assassinos são paladinos farsantes, covardes, que não suportam diferenças e alianças afetivas. São também resultado de uma simplificação grosseira da história e das relações humanas em que o diálogo e a conciliação valem menos do que ofensas, ataques e mentiras.

Pode parecer utópico falar em paz em um momento como esse. Mas falemos. Nós, da comunidade palestina no Brasil – assim como a imensa maioria dos sírios, libaneses, jordanianos, entre outros povos de origem árabe – condenamos qualquer ato de violência. Não queremos guerra, queremos paz. Queremos união e respeito entre todos os povos e nações. Judeus, muçulmanos, cristãos e evangélicos, adeptos de todas as religiões. Na Nova Zelândia, no Brasil, na Palestina e em Israel. Paz.

Elayyan Taher Aladdin é ex-presidente da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil