Palestina solicitará novamente adesão plena à ONU

Mesmo que admita a possibilidade de veto, embaixador Ibrahim Alzeben conta com bom senso dos EUA

16/01/2019

A Palestina solicitará mais uma vez a adesão plena à Organização das Nações Unidas (ONU). O anúncio de que o pedido será formalizado ao Conselho de Segurança dentro de “algumas semanas” foi feito ontem (15) pelo ministro palestino das Relações Exteriores, Riad al-Maliki.

No Brasil, a notícia repercutiu de forma positiva. Mesmo que admita a possibilidade de veto dos Estados Unidos, o embaixador da Palestina no país, Ibrahim Alzeben, demonstra confiança. “Esperamos que o bom senso ilumine o caminho e a visão política do presidente Trump, porque é ele quem toma a decisão”, disse à FEPAL.

Para garantir a adesão total à organização internacional, a Palestina precisa do apoio de nove dos 15 países membros do Conselho de Segurança – desde que nenhum dos cinco membros permanentes use seu direito de veto – antes de serem aprovados em Assembleia Geral.

“O povo palestino tem esse direito”, defendeu Ibrahim Alzeben. “Honramos o nosso compromisso com o mundo, com o meio ambiente, com os direitos humanos, contra o terrorismo e a favor da convivência pacífica entre os estados e os povos. Esperamos que muito em breve sejamos o número 194 da comunidade internacional”, completou.

Desde novembro de 2012, a Palestina é um "Estado observador não-membro" da ONU, o que lhe dá permissão para participar das agências da organização. O status, no entanto, não dá direito a voto, mesmo que seja um reconhecimento implícito, aprovado por 138 nações, da existência de um Estado soberano.

Palestina na presidência do Grupo dos 77

No mesmo dia do anúncio do ministro das Relações Exteriores, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, assumiu a presidência do Grupo dos 77, o maior bloco de países em desenvolvimento da ONU.

Na cerimônia de posse, Abbas disse que está comprometido com uma “solução pacífica para acabar com a ocupação e a realização da independência do Estado palestino com Jerusalém como capital”.

Segundo o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), o regime israelense, com sua “colonização e ocupação contínuas”, está dificultando o desenvolvimento do Oriente Médio.

Para o embaixador Ibrahim, é necessária uma revisão do “apoio incondicional e lamentável dos Estados Unidos” a Israel para que haja avanços nesse sentido. “Queremos viver em paz e harmonia, com respeito e tolerância a todos os países, inclusive com Israel, ter uma boa relação de amizade e vizinhança”, observou.

Relação com o novo governo brasileiro

Ibrahim Alzeben disse estar “tratando de manter a melhor relação possível” com o novo governo brasileiro. Segundo ele, é função diplomática respeitar a “decisão soberana do povo e trabalhar com quem foi eleito, com respeito e consideração”.

A principal autoridade palestina no Brasil também sinalizou que trabalha para reverter a posição sobre a transferência da embaixada de Israel de Tel Aviv para Jerusalém. “Esperamos também o bom senso do governo brasileiro, que sempre respeitou o direito internacional e tratou de preservar a paz mundial”, concluiu o embaixador.

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