Terroristas que roubam ajuda humanitária em Gaza são ligados ao exército israelense
Uma das maiores mentiras da propaganda sionista é a de que "o Hamas" rouba a ajuda humanitária dirigida aos palestinos. Mas quem as rouba são os aliados da própria ocupação sionista.
21/11/2024Bloqueio de ajuda humanitária em Gaza, sob a batuta do exército de Israel. Foto: Washington Post
Na Faixa de Gaza, gangues armadas lideradas por Shadi al-Sofi e Yasser Abu Shabab, figuras controversas com passados criminais e vínculos indiretos com Israel, estariam saqueando suprimentos humanitários sob proteção das mal chamadas Forças de Defesa de Israel (FDI), de acordo com informações recentes. As ações têm ocorrido em uma zona militar restrita, descrita pela ONU como uma área “quase militarizada”, onde mais de 100 caminhões de ajuda foram saqueados em uma única noite no último sábado.
Shadi al-Sofi, conhecido por seu histórico de colaboração com grupos extremistas, e Yasser Abu Shabab, acusado de tráfico de drogas e vínculos com grupos ligados ao ISIS no Sinai, são apontados como os principais líderes das operações. Ambos organizaram uma rede de mais de 200 criminosos armados, operando em uma área sob controle israelense total. Essa zona foi esvaziada de civis durante as operações de limpeza étnica de palestinos por Israel, criando um cenário propício para os saques.
Abu Shabab, que foi preso diversas vezes no passado pela polícia local de Gaza por tráfico de drogas, tem uma longa história de colaboração com organizações criminosas e extremistas. Já al-Sofi carrega um histórico controverso, tendo assassinado em 2020 Jabr al-Qeeq, um membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina (PLFP). Al-Qeeq havia sido condenado por Israel por eliminar o pai de al-Sofi, acusado de colaborar com o regime de ocupação israelense durante a Primeira Intifada. Após sua prisão em Gaza, al-Sofi escapou com o apoio de militantes ligados ao ISIS e retornou ao território durante a invasão terrestre israelense, assumindo seu papel como líder das gangues.
Atuação sob os olhos das FDI
Relatórios apontam que as FDI, apesar de estarem presentes na área e em posição de intervir, não agem contra os membros dessas gangues durante os saques, mesmo quando realizados diante de tanques e tropas sionistas. Por outro lado, forças israelenses têm aberto fogo contra policiais locais que tentam evitar os roubos, enfraquecendo ainda mais os esforços para proteger os suprimentos destinados à população civil.
É o que aponta, por exemplo, uma reportagem do diário israelense Haaretz, intitulada “Exército israelense está permitindo que gangues em Gaza saqueiem caminhões de ajuda [humanitária] e cobrem taxas de proteção a motoristas”, publicada no dia 11 deste mês. Segundo o jornal, o governo israelense considera até mesmo permitir que essas gangues vinculadas ao ISIS e que roubam ajuda humanitária sejam as responsáveis pela distribuição dessa ajuda.
O Washington Post e o portal Drop Site News também reportaram recentemente sobre esse escândalo ligando o sumiço de ajuda humanitária com gangues vinculadas ao ISIS e protegidas por Israel. O Drop Site recorda que isso ocorre enquanto a população de Gaza morre de fome:
Por mais de um ano, Israel tem usado a fome como arma de guerra, restringindo a ajuda aos palestinos em Gaza a tal ponto que um painel apoiado pela ONU emitiu um alerta na semana passada, alertando sobre “uma probabilidade iminente e substancial de fome” em todo o enclave. O fio de mercadorias que são permitidas está sendo cada vez mais alvo de grupos criminosos armados, que forçam os comboios de caminhões a pagar taxas de extorsão exorbitantes ou simplesmente roubam a ajuda. Muito disso é facilitado pelos militares israelenses, que sistematicamente têm como alvo as forças de segurança palestinas encarregadas de proteger os comboios e, em seguida, permitiram que homens armados atacassem comboios de ajuda em áreas sob seu controle.
Esse cenário permite que Israel desvincule sua responsabilidade na crise humanitária em Gaza (gerada pelo genocídio intensificado desde 7 de outubro do ano passado). “A narrativa promovida [pela máquina de propaganda de Israel] é de que a ajuda está sendo liberada, mas que as organizações locais, como o Hamas, falham em distribuí-la adequadamente”, explicou o senador Jon Fetterman em um pronunciamento recente. Isso significa que Israel dá suporte ao roubo da ajuda humanitária por terroristas, mas não os “terroristas” do Hamas, e sim os “seus” terroristas, para atender à sua agenda genocidária.
O conflito não se restringe à questão humanitária. Em resposta às ações criminosas, militantes do Hamas realizaram uma ofensiva contra Abu Shabab e seu grupo. O ataque deixou 11 mortos, incluindo Fathi, irmão e parceiro de Abu Shabab, além do contador da gangue. Outras 30 pessoas ficaram feridas na operação.
“Israel tem procurado muitas famílias grandes e gangues por toda Gaza para fazer seu trabalho sujo. A maioria recusou, alguns aceitaram e estão armados por Israel”, denuncia ainda Muhammad Shehada, do monitor de direitos humanos Euro-Med. “A polícia local tem uma lista completa de nomes de colaboradores e anunciou ontem que lançará mais ataques contra eles”, escreveu na última terça-feira (19).
Impactos e desdobramentos
As ações dessas gangues e a omissão das forças israelenses exacerbam a crise humanitária em Gaza, onde a população já enfrenta escassez de alimentos, água e medicamentos devido ao bloqueio imposto por Israel e à destruição generalizada causada pelas bárbaras ações genocidárias. A situação coloca em risco os esforços de organizações internacionais para fornecer assistência em meio à devastação.
O papel de Israel nesse cenário tem sido amplamente denunciado. Especialistas sugerem que permitir tais ações criminosas em áreas sob seu controle mina os princípios de direito internacional humanitário e agrava o sofrimento da população civil, já não bastasse ela estar sendo exterminada pelas forças de ocupação.
A resposta da comunidade internacional é extremamente limitada, senão nula, principalmente devido ao financiamento e armamento de Israel pelos Estados Unidos, que, além do mais, vetam qualquer resolução da ONU por um cessar-fogo (como ocorreu no início desta semana).
No entanto, cresce a pressão por uma investigação aprofundada sobre os acontecimentos e pela garantia de que a ajuda humanitária chegue aos necessitados de maneira segura e eficaz. Enquanto isso, a população de Gaza continua a enfrentar um futuro tenebroso, marcado pelo extermínio de mais de 53 mil palestinos e pela privação dos que restaram e tentam sobreviver ao cerco e aos bombardeios diários.
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