Expulsar todos os palestinos e substituí-los por 1 milhão de judeus ― o novo plano de “israel” para Gaza
Projeto foi apresentado e discutido em uma conferência realizada no parlamento israelense e intitulada "A Riviera em Gaza - da visualização à realidade" e destaca que "após o 7 de outubro, a população de Gaza foi privada da legitimidade de continuar a viver neste espaço"

Smotrich, Zvi Sukkot, Limor Son Har-Melech e Daniella Weiss participam da conferência sobre a conquista colonial de Gaza. (Foto: Chaim Goldberg/Flash90)
Foi apresentado ontem (22), no Knesset (parlamento de “israel”) um plano de invasão, conquista e ocupação permanente de Gaza por parte da entidade sionista, segundo o qual todos os atuais habitantes seriam expulsos (solução final com limpeza étnica total), cerca de 1,2 milhão de judeus seriam implantados no lugar dos habitantes originários e 300 mil moradias seriam construídas para assentá-los.
Os responsáveis pelo plano são o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e dois deputados de seu partido, o Partido Religioso Sionista, Zvi Sukkot e Limor Son Har-Melech. Em colaboração com o Movimento Nachala (uma organização extremista e ultra racista colonial), eles realizaram a conferência batizada de maneira infame de “A Riviera em Gaza – da visualização à realidade”. A conferência foi realizada em um salão no Knesset e contou com a presença de ministros, deputados, vereadores e agentes da repressão que atuam na fronteira do território palestino de Gaza.


O plano fala em moldar um “espaço vital” (fazendo recordar o projeto de Adolf Hitler de anexação da Europa Central), onde atualmente mais de mil famílias judias já estariam “prontas para migrar para a área imediatamente”. “Seu propósito é formar uma base sólida para a prosperidade e estabilidade judaica em toda a região”, menciona o documento.
Mais especificamente, o plano inclui:
- Estabelecer duas cidades centrais no norte e no sul da Faixa de Gaza, com 300 mil unidades habitacionais para mais de um milhão de residentes
- Um centro universitário de pesquisa em agricultura e assuntos marítimos para 25 mil estudantes
- Um moderno parque comercial e de alta tecnologia, de 4,8 milhões de metros quadrados que geraria “milhares de empregos”
- Uma zona industrial no sul, próxima à fronteira com o Egito, com acesso direto ao Mar Mediterrâneo, abrindo oportunidades de comércio terrestre e marítimo
- Um complexo turístico costeiro que incluirá uma área de hotéis, vilas turísticas e instalações de esportes aquáticos
- Uma zona agrícola
- Áreas de turismo, recreação e esportes radicais ao redor do Rio Besor (Wadi Gaza)
Os autores do plano concluem que “após o 7 de outubro, a população de Gaza foi privada da legitimidade de continuar a viver neste espaço”. Portanto, expulsar os palestinos que lá residem “não é uma ‘punição coletiva’, mas uma solução humana e eficaz”. E completam: “a expulsão da população civil, por escolha e/ou como parte de um acordo, é um passo necessário para limpar o campo de batalha e transformá-lo em um espaço para vida, agricultura, indústria, turismo e assentamento judaico.”
Durante o encontro, Smotrich revelou que, na semana passada, o chefe de pessoal das Forças de “Defesa” de “israel”, tenente general Eyal Zamir, lhe disse que é necessária uma anexação do norte de Gaza por questões de segurança. “Eu realmente acredito que há uma tremenda oportunidade aqui. Podemos começar pela fronteira norte e estabelecer três comunidades lá. Já estamos conversando sobre isso”, afirmou o membro do governo segundo o The Times of Israel. “Ocuparemos Gaza e a tornaremos uma parte inseparável do Estado de Israel (sic)”, continuou.
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“Temos forte apoio do Presidente Trump para transformar Gaza em uma região próspera, uma cidade costeira com assentamentos e empregos. É assim que se faz a paz. Há realmente uma oportunidade de pensar grande. Isso é possível e realista. Estou completamente otimista. Conquistar Gaza e colonizá-la como parte integrante do Estado de Israel e da Terra de Israel (sic)”, disse ainda, de acordo com o Jerusalem Post.
Smotrich ficou famoso por declarar que matar milhões de palestinos de Gaza pela fome seria “moral” e “justificado”. Por seu papel no genocídio em Gaza, o Tribunal Penal Internacional está preparando um mandado de prisão contra ele (assim como já emitiu contra o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da “Defesa”, Yoav Gallant, que deu início ao extermínio de palestinos ainda em curso). Smotrich também está proibido de entrar no Reino Unido, Noruega, Eslovênia, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
O ministro da Resiliência Nacional, Yitzhak Wasserlauf, que também participou da conferência, declarou: “este é o preço que esses terroristas malditos precisam pagar. Com a ajuda de Deus, o mais rápido possível!”
“Onde não há assentamentos, não há defesa. Quanto mais assentamentos, mais defendemos o Estado de Israel (sic)”, declarou a presidente do Comitê de Segurança Nacional do Knesset, Zvika Fogel. Por sua vez, Daniela Weiss, presidente do Movimento Nachala, acrescentou que “em 7 de outubro de 2023, o capítulo da história árabe de Gaza terminou”.
Após revelar os trechos do documento com os planos discutidos no Knesset, a jornalista Daphna Liel, do News 12, comentou, com ironia, sobre os políticos sionistas: “e eles ficam surpresos que o mundo não esteja convencido de que Israel está lá apenas para se defender.”
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