Como “israel” se tornou refúgio de pedófilos e estupradores internacionais

Caricatura de "estado", entidade sionista utiliza seus meios repressivos e judiciais para proteger criminosos, incluindo soldados que estupram palestinos sequestrados

03/02/2025

Malka Leifer (à esquerda) foi protegida pelo ex-ministro da Saúde, Yaakov Litzman (à direita)

Nos últimos anos, diversas investigações jornalísticas e dados judiciais apontaram “israel” como um destino frequente para pessoas acusadas de crimes sexuais, especialmente pedofilia, em diferentes países. Este fenômeno tem levantado questionamentos sobre a legislação “israelense”, a aplicação da “Lei do Retorno” (sic.) e as lacunas na cooperação internacional em casos de extradição.

A “Lei do Retorno” (sic.), promulgada em 1950, garante a qualquer judeu o direito de imigrar para o território palestino roubado pelas potências europeias e os EUA e batizado de “israel”. Assim, esses novos imigrantes (ou melhor, ocupantes) ganham o direito de obter cidadania. Essa legislação foi criada para assegurar e perpetuar a ocupação ilegal da Palestina, expulsando a população originária e substituindo-a principalmente por europeus. Sua grande justificativa era oferecer um refúgio seguro após o holocausto euro-judeu.

Contudo, a “Lei do Retorno” (sic.) acabou sendo usada por indivíduos acusados de crimes graves para evitar a justiça em seus países de origem. A facilidade de obtenção da cidadania “israelense” (a fim de levar para o território palestino ocupado o maior número possível de novos ocupantes para impedir a retomada do território pelos palestinos) dificulta processos de extradição, especialmente quando o acusado já é considerado cidadão “israelense”.

Procurado pela Interpol por estupro e sodomia permaneceu livre por anos

Um caso emblemático é o de Jimmy Julius Karow, acusado de abusar sexualmente de uma menina de sete anos no Oregon, em 1999. Antes que as autoridades americanas pudessem detê-lo, Karow fugiu para “israel”, onde continuou a cometer crimes semelhantes. Em 2002, ele foi condenado por um tribunal “israelense” por molestar uma criança em um caso separado, cumpriu pena e foi liberado. Depois, Karow foi procurado pela Interpol e permaneceu foragido durante anos, movendo-se entre comunidades em “israel” para evitar a captura.

Em 2017, duas irmãs o acusaram de agredi-las quando eram crianças, entre 1999 e 2001. Karow evitou a prisão até 2019, quando foi pego e acusado de crimes sexuais contra as duas. De acordo com a acusação, Karow estuprou e cometeu uma série de crimes sexuais contra as meninas, de três e sete anos, enquanto as duas visitavam seu apartamento uma vez por semana ao longo de quase dois anos.

Finalmente, Karow assinou um acordo judicial em 2020 e foi condenado por cometer estupro, sodomia e agressão indecente contra a menina de sete anos, enquanto que as acusações de agressão contra a mais nova foram removidas por dificuldades de comprovação.

Protegida pelo ministro da Saúde

A organização Jewish Community Watch (JCW), que monitora acusados de pedofilia, identificou mais de 60 indivíduos que fugiram dos EUA para Israel desde 2014, número que pode ser ainda maior devido às limitações de recursos para rastrear todos os casos. Meyer Seewald, fundador da JCW, compara essa situação aos escândalos de abuso sexual na Igreja Católica, destacando semelhanças nas tentativas de encobrimento e no estigma associado às denúncias dentro de comunidades judaicas.

Famoso também é o episódio envolvendo Malka Leifer, ex-diretora de uma escola judaica ultraortodoxa na Austrália, acusada de 74 crimes de abuso sexual contra alunas. Após as acusações, Leifer fugiu para “israel” em 2008, onde viveu por mais de uma década antes de ser finalmente extraditada em 2021, após uma longa batalha judicial. O caso expôs vícios no sistema judicial “israelense”, incluindo atrasos processuais, bem como a influência de políticos ultraortodoxos, como o então ministro da Saúde, Yaakov Litzman, que atuou para impedir a sua deportação.

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Outro caso relevante é o de Yehuda Nussbaum, acusado de abusar de menores nos Estados Unidos. Nussbaum se refugiou em “israel” e evitou a extradição por anos, aproveitando-se da falta de um tratado de extradição abrangente entre “israel” e os EUA para crimes sexuais não violentos.

A JCW diz que a maioria dos seus casos se origina de enclaves judaicos ortodoxos modernos a ultraortodoxos nos EUA, mas que isso acontece em toda a comunidade judaica mais ampla. Como os perpetradores não podem ser responsabilizados a menos que as vítimas se apresentem, acredita-se que muitos casos não sejam relatados. Para tentar trazê-los à tona, a JCW realiza eventos de conscientização nos EUA e oferece às vítimas de abuso sexual conselhos e apoio emocional.

“Justiça dúbia”

Mendy Hauck decidiu se apresentar após receber apoio da JCW. O pai de dois filhos diz que tinha apenas 8 anos quando foi molestado por um professor em sua escola judaica ortodoxa em Los Angeles. Hauck diz que o abuso começou um dia quando um amigo trouxe biscoitos para seu aniversário.

“Na verdade, fui em frente e peguei o maior biscoito e ele disse: ‘Coloque de volta e você pode voltar no recreio e pegar seu biscoito'”, disse Hauck à rede CBS News. “Então, depois que ele distribuiu o resto dos biscoitos para os outros colegas, eu tive que ficar para trás se quisesse meu biscoito, e eu fiquei. Ele me chamou para sua mesa… e foi aí que ele começou… a me esfregar.”

Seu suposto agressor é Mordechai Yomtov, um professor de hebraico de 35 anos na época.

“Eu pulei para trás, dando um passo ou dois, e ele agarrou meu cabelo e disse, ‘está tudo bem, você pode chegar perto. Eu não vou te machucar. Não tem nada de errado’, e ele fez de novo”, Hauck relembra. O abuso continuou ao longo do ano.

Quando o ano terminou, Hauck passou para a próxima série. Em 2001, a polícia prendeu Yomtov e o acusou de cometer atos obscenos com três de seus outros alunos, com idades entre 8 e 10 anos. Mas Hauck nunca contou a ninguém sobre sua provação até anos depois.

Yomtov finalmente se declarou culpado, cumpriu pena na prisão e foi solto em liberdade condicional. Mas, uma vez livre, ele violou sua liberdade condicional ao fugir para “israel” via México.

A JCW o localizou e o confrontou em Jerusalém com uma câmera escondida. Yomtov admitiu que violou sua liberdade condicional e fugiu ilegalmente dos Estados Unidos, com ajuda. Ele também disse que no México obteve um passaporte falso para viajar para “israel”, onde passou a viver ilegalmente.

Foi só em 2016, quando outra alegada vítima de Yomtov e amigo de Hauck se apresentou, que Hauck se sentiu compelido a contar sua história. Ele entrou com um boletim de ocorrência na esperança de obter justiça, mas diz que os processos têm sido lentos. Para ele, a justiça é dúbia.

“Quero que o (Promotor Distrital do Condado de Los Angeles) intensifique seu trabalho — que realmente lute para trazê-lo de volta aqui e dar a ele o que ele merece”, disse. “E também quero que as comunidades garantam que isso não aconteça novamente.”

O gabinete do promotor distrital disse à CBS News que não houve nenhum pedido de extradição de Yomtov de volta aos Estados Unidos e se recusou a fazer mais comentários.

Dados e Estatísticas

De acordo com dados do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, entre 2010 e 2020 houve um aumento significativo nos pedidos de extradição relacionados a crimes sexuais contra menores envolvendo suspeitos que fugiram para “israel”. O Jerusalem Post e o Haaretz também relataram vários casos em que processos judiciais se arrastaram por anos devido a desafios legais e burocráticos. Outros órgãos de imprensa ocidental, como AP, Guardian e o New York Times também já descreveram “israel” como um “porto seguro” para criminosos sexuais, que não são protegidos apenas pelos organismos judiciais “israelenses” ou o aparelho burocrático do regime, mas muitas vezes por comunidades ultraortodoxas de extrema-direita.

“Todos vão e protegem esses indivíduos e o apoiam porque não conseguem acreditar que uma pessoa pode cometer tal crime. Eles ficam do lado do abusador e o abuso continua”, disse Seewald à CBS. “Eles o colocam em outra comunidade. Alguns anos depois, ele faz a mesma coisa e ouvimos mais alegações de que a pessoa está abusando de crianças. As vítimas não querem se apresentar quando veem isso.”

Militares estupradores de palestinos sequestrados

Um “estado” que protege abertamente estupradores e pedófilos, “israel” iniciou uma fortíssima campanha de propaganda e fake news contra a Resistência Palestina, ao acusá-la de estuprar cidadãos “israelenses” no 7 de outubro de 2023. No entanto, recentemente, a promotora Moran Gez revelou que, apesar dos intensos esforços do regime por encontrar depoimentos dessas supostas vítimas, não há absolutamente nenhuma queixa de pretensas vítimas. Gez confirmou que, 15 meses após os eventos, “israel” ainda não identificou uma única vítima que possa acusar um suposto perpetrador de um ataque sexual. “Infelizmente, será muito difícil provar esses crimes”, disse.

Já as incontáveis vítimas palestinas deram vários relatos em primeira mão, bem como as testemunhas oculares de violência sexual e estupro por pessoal “israelense”.

De acordo com relatos, os detidos palestinos enfrentaram abuso sexual, físico e psicológico em várias prisões israelenses, com esses atos desumanos destinados a humilhar e quebrar seu moral.

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Soldado israelense que estuprou detento palestino é aplaudido na TV israelense

Incidentes de abuso verbal e sexual também foram relatados em postos de controle “israelenses” na Cisjordânia ocupada. Um desses casos ocorreu no posto de controle de Hebron, onde uma jovem palestina relatou que um soldado “israelense” se expôs a ela e fez comentários sexualmente explícitos.

A violência sexual e tortura bem documentada e sistêmica de “israel” contra palestinos — incluindo pelo menos um caso de um detento sendo submetido a um estupro coletivo horrível e tortura que foi parcialmente capturado em vídeo no campo de concentração secreto de Sde Teiman —, no entanto, não gerou uma fração da indignação e preocupação das alegações não verificadas e sem evidências de “israelenses” sendo estuprados.

Em agosto do ano passado, câmeras de segurança de Sde Teiman flagraram um bando de soldados israelenses estuprando um detento palestino, que havia sido sequestrado. Pouco depois, Meir Ben-Shitrit, o principal acusado no estupro coletivo, chocou o mundo ao aparecer em programas de TV “israelenses” no horário nobre.

Glorificação dos militares estupradores de palestinos

O fato de um estuprador ter sido convidado para programas de televisão e glorificado por abusar sexualmente de palestinos inocentes deixou pessoas no mundo todo atônitas e indignadas. Ainda mais perturbador foi como Ben-Shitrit foi tratado pelos apresentadores dos programas em que ele apareceu. Ele foi aplaudido e tratado como uma celebridade em um programa do Canal 14 exibido algumas semanas após o caso de sodomia vir à tona. O público do estúdio o aplaudiu de pé várias vezes, e ele até recebeu apoio financeiro.

“Os soldados seguiram o procedimento padrão”, Ben-Shitrit afirmou durante o programa, referindo-se ao detido palestino que foi levado para trás do muro de escudos por um grupo de forças “israelenses” e estuprado. Na mesma época, um grupo de invasores assentados em território palestino pressionou as autoridades “israelenses” contra qualquer eventual punição dos soldados estupradores.

Meir Ben-Shitrit entrevistado e glorificado na TV “israelense”

O caso de sodomia de Sde Teiman não é o único caso de violação de leis internacionais contra detentos palestinos por sionistas. Ibrahim Salem, 34, relatou o profundo sentimento de pavor que sentiu quando um soldado “israelense” ordenou que ele se despisse durante seu tempo em cativeiro.

“Eles me disseram para me despir”, Salem lembrou, refletindo sobre o tormento que ele suportou durante seus oito meses de detenção israelense. “Foi quando eu soube que estava começando minha jornada para o inferno.”

O abuso sexual se estendeu além das forças militares, já que os “colonos”, por outro lado, viram o caso Sde Teiman como um catalisador, permitindo que eles expressassem o que tinham guardado em suas mentes por anos.

No início de agosto, um grupo de mascarados entrou em Khirbet Wadi a-Rakhim nas colinas de Hebron do Sul, localizadas na Cisjordânia ocupada ao sul.

Durante o encontro com uma família palestina, um dos mascarados assediou verbalmente o proprietário de terras palestino, dizendo: “Você parece doce… Você parece tão fresco… Eu ficaria feliz em sentar com você na prisão algum dia. Eu ficaria feliz. Você conhece Sde Teiman.”

Um aumento constante e alarmante na violência sexual sistemática realizada por sionistas contra palestinos gerou indignação global, com pessoas e ativistas em todo o mundo protestando contra a tática dos sionistas de desumanizar os palestinos enquanto tentam se passar por heróis por seus atos hediondos.

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