Nota sobre o acordo do século

A Federação Árabe Palestina no Brasil – FEPAL, assim como a imensa maioria da população palestina ou pró-Palestina, no Brasil e no mundo, ignora o conteúdo e a viabilidade deste plano ultrajante que será anunciado por Donald Trump nas próximas horas.
Não é preciso conhecer todos os seus termos para definir esta posição. Em primeiro lugar, porque o “acordo do século”, como tem sido vendido por parte da imprensa, ignora simplesmente a maior pretensão da luta histórica palestina: a criação de um estado autônomo e independente.
O plano só atende aos interesses de um lado, o de Israel. Ignorando todas as convenções internacionais sobre a ocupação israelense na região, propõe, por exemplo, a anexação do Vale do Jordão, área de produção agrícola fundamental para a subsistência da população palestina. Inclui também o reconhecimento oficial de Jerusalém – antecipado por Trump em dezembro de 2017 – “como capital única e indivisível de Israel”.
A Cidade Santa, um dos berços da chamada civilização ocidental, sagrada para as três principais religiões monoteístas, habitada há milênios pelos palestinos e também por diferentes povos, se tornaria de um dia para o outro, por imposição estrangeira, a capital do autoproclamado Estado Judeu. E somente do Estado Judeu.
Milhares de palestinos muçulmanos e cristãos que vivem na cidade, e que hoje já enfrentam toda a sorte de perseguição e abusos por parte do exército de Israel, seriam oficializados na marginalidade. Ou seja, paz para quem?
Acusar a Autoridade Nacional Palestina de intransigência é outra desfaçatez que tem se visto nos últimos dias em alguns veículos de comunicação. Como dialogar com um homem que desde o seu primeiro dia de governo tem demonstrado desrespeitar a história, os anseios e mesmo a vulnerabilidade da população palestina?
Não há nada de palestino-israelense nesse plano, como mostra o repórter do jornal Folha de São Paulo Igor Gielow na sua coluna de ontem. Acreditar nas boas intenções de Trump e Netanyahu para a promoção da paz na região só pode ser considerado desinformação ou desonestidade.
A comunidade internacional, por meio de seus órgãos, como a ONU e a EU (União Europeia), precisa mais do que nunca se posicionar para impedir que este plano avance! A integridade e os direitos do povo palestino não podem – mais uma vez – servir como degraus para a implementação de novos projetos de poder colonial na região!
Justiça para a Palestina já!
Palestina Livre a partir do Brasil, 28 de janeiro de 2020.
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