Em defesa do Brasil
Nota pública da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)

Trump segue a tradição de intervenções imperialistas dos Estados Unidos contra o Brasil e a América Latina
O novo e retornante presidente-genocida dos EUA, Donald Trump, acaba de confirmar as sanções, descritas como tarifas, de 50% contra o Brasil. Os EUA, assim, seguem agindo como sempre agiram no mundo, seja belicamente, como contra a Palestina, em que promovem, por meio de seu filhote “israel”, o maior genocídio da história, seja por sabotagens de todos os tipos, as econômicas dentre elas, como as que levaram à morte de mais de um milhão de iraquianos e prepararam aquele país árabe para a invasão (2003), com mais centenas de milhares de mortes e destruição, modelo também aplicado ao Afeganistão, para citar casos muito recentes.
Na América Latina, os EUA são os responsáveis por todas as interrupções da democracia e do desenvolvimento econômico e social em todos os países, o Brasil dentre eles, quase sempre organizando e depois apoiando golpes de estado, alguns mais sangrentos, como os chileno e argentino, outros aparentando menos, dentre eles o do Brasil, mas em todos os casos com violenta repressão que levou à clandestinidade personalidades e partidos, exílio forçado, assassinatos, prisões e torturas, muitas até a morte.
Noutros casos, invasões despudoradas, como no Panamá, Granada e Haiti, em outros tantos as imposições de guerras civis que levaram às centenas de milhares de mortes, como Nicarágua, El Salvador, Honduras e Guatemala, ou mesmo na Colômbia. Há ainda o caso de Cuba, que sofre cerco econômico, político e diplomático sem igual há décadas, apenas porque resolveu ser independente dos EUA para deixar de ser o prostíbulo das Américas, como era designada a ilha ao tempo em que os estadunidenses eram os ocupantes coloniais do país.
Em todo o mundo os EUA apenas levaram guerras, do Vietnã à Iugoslávia, passando pelo Japão, que sofreu o maior extermínio já conhecido, com as bombas atômicas lançados sobre Hiroshima e Nagasaki. Também o racismo, como o regime de Apartheid na África do Sul, junto com seus parceiros europeus, ou a fome para que seus “mercados” tenham os melhores preços, como a talvez mais indecente de todas, a imposta à Etiópia.
As também indecentes sanções foram, talvez, a arma mais mortífera dos EUA contra o mundo. Hoje, entretanto, já surradas e sem seus efeitos de outrora, parecem obrigar os EUA a agredirem em outros termos, variando do genocídio em Gaza às tarifas contra o mundo, até mesmo contra aliados, todas sem a menor justificativa crível, como, de resto, quase nada que parte dos EUA e de suas elites degeneradas é tido atualmente como credível.
Basta vermos as tarifas impostas ao Brasil, mesmo que sejam os EUA os que têm superávit nesta relação. Nos primeiros seis meses deste ano tal superávit já é de US$ 1,7 bilhão. Curiosamente, um crescimento de 500% em relação ao mesmo período do ano passado, quer dizer, cresceu justamente na gestão Trump, pelo crescimento das nossas importações dos EUA em 11%. No acumulado dos últimos 20 anos, o Brasil perdeu, em valores não necessariamente corrigidos, ao menos US$ 50 bilhões, ou seja, déficit crônico e persistente na balança comercial com os EUA.
Se a questão comercial é falsa – mentir em escala industrial é uma das especialidades de Trump, superando a regra de ouro de mentir de todos os presidentes estadunidenses –, então o que motiva sancionar o Brasil na forma camuflada tarifária?
Primeiro, podemos citar a postura do Brasil em relação ao genocídio na Palestina, já que o Holocausto Palestino é dos EUA, apenas executado pela gangue de Tel Aviv. O Brasil desafia os EUA na sua tentativa de impor os genocídios como mais uma de suas chantagens aos povos.
Segundo, colocar-se como líder no mundo, na condição BRICS, na construção de relações mais equilibradas entre as nações, inclusive – e justamente – no comércio internacional e nas formas de pagamento destas trocas entre os países, com novos instrumentos de compensação, pagamentos em moedas nacionais e com a prometida moeda alternativa ao dólar (e seu domínio), novos mecanismos de investimento não subordinados aos dominados pelo “ocidente” e, claro, isso tudo levando à afirmação da soberania dos estados, exatamente o que repele o hegemonismo imperialista e colonial estadunidense.
Terceiro, a postura do Brasil como líder no continente, que agora tem o grande México como aliado, retirando dos EUA a ideia de que somos seu quintal, no qual tudo podem, inclusive determinar quem governará, seja dando golpes de estado, seja derrubando governantes por meio da guerra híbrida, seja fraudando eleições para levar ao poder aqueles que aplicarão as suas políticas, sempre destrutivas dos interesses nacionais dos países da região e lesivos aos seus povos.
E, por fim, porque o Brasil é ativo construtor de uma nova ordem mundial, multilateral, na qual não cabe mais a ONU como é hoje, incapaz de conter até mesmo um genocídio televisionado, o palestino em Gaza, ou até evitar a fome no mundo, malgrado haver alimentos armazenados para alimentar a humanidade inteira muitos anos seguidos.
Atacar a nossa soberania, da industrial à tecnológica, além de sabotar nossas instituições, da presidencial ao judiciário, inclusive despudoradamente forçando a imposição da impunidade aos que tentaram repetir no Brasil, no 8 de janeiro, o mesmo modus operandi do trumpismo naquele violento 6 de janeiro de 2021, é para que retornemos ao status de “republiqueta bananeira”.
A ideia em ambos os processos era reverter, pela força, logo, por meio de golpe de estado, os resultados eleitorais nos EUA e no Brasil. Lá eles não conseguiram, como cá, mas no Brasil há uma diferença: os autores estão respondendo por seus crimes e podem ser presos, ao passo que nos EUA o maior arquiteto do golpe ficou impune e retornou à presidência.
Assim, atacar, no bojo geral das sanções/tarifas, o STF e parcela de seus ministros – caberia analisar a razão de alguns deles estarem incólumes – visa, primeiro, manter livres os que tentaram mergulhar o Brasil em caos e numa onda de assassinatos políticos, do presidente eleito, Lula, ao seu vice, Alckmin, e a ministros da suprema corte, o que poderia levar a um banho de sangue jamais visto no Brasil, e, segundo, mergulhar o Brasil numa anarquia pelos próximos meses, até a eleição de 2026, para que retornem ao poder os que venderam o país e que agora o sabotam abertamente, apoiando a potência estrangeira que quer destruir nossa soberania. Mas para que retornem, é preciso que fiquem impunes, tal qual Trump ficou. E este é o objetivo.
Por tudo isso, esta FEPAL é inequívoca na defesa do Brasil e do povo brasileiro e cerra fileira com todos que se opõem à hegemonia indecente e destrutiva dos EUA. Nosso lado é o do Brasil e de seus legítimos interesses nacionais, jamais o dos traidores que conspiram com os EUA, potência hostil ao nosso povo e ao mundo livre.
Palestina Livre a partir do Brasil Soberano, 30 de julho de 2025, 78º ano da Nakba.
LEIA A NOTA EM PDF:
NOTA FEPAL – EM DEFESA DO BRASIL – MANIFESTAÇÃO CONTRA AS TARIFAS DE TRUMP
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