Guia eleitoral da Federação Palestina pede voto pela democracia e contra o ódio

A Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) lançou hoje um documento em que se manifesta sobre as eleições deste ano no Brasil. Intitulado “Eleições 2022 – Soberania Nacional, Democracia, Direitos Humanos e Fim da Israelização do Brasil”, o documento lista dez preocupações que a liderança brasileiro-palestina acredita que devam orientar as escolhas eleitorais de seus representados e de todos os que se preocupam com a Palestina.
“Não se trata de indicar em quem votar, mas a reunião do que consideramos mais importante considerar para orientar o voto, tanto para escolher quanto para não escolher. São princípios, portanto, para auxiliar os eleitores que se preocupam com a Palestina, com os direitos humanos no Brasil e no mundo”, explica Ualid Rabah, presidente da FEPAL.
Confira na íntegra o “manual eleitoral” da FEPAL para as Eleições 2022
Lê-se na apresentação que a iniciativa “é esforço da FEPAL para dar sua contribuição à construção de um Brasil melhor para todo o seu povo e que seja um ator internacionalmente importante e respeitado”.
Separado por tópicos, o documento começa chamando a atenção para soberania nacional, que deve ser observada pelos eleitores para que evitem “os candidatos que subordinam o Brasil a interesses estrangeiros, como aos de Israel e EUA”. Segundo a FEPAL, o déficit da balança comercial brasileira com os dois países foi de 22 bilhões de dólares (R$ 110 bilhões) nos últimos quatro anos. “Ou seja: o Brasil se subordina a interesses estrangeiros que nos dão prejuízo e agride outros que representam mais de 50% de todo o nosso superávit comercial”, analisa Rabah, para quem esta é uma política de “traição nacional”, que precisa ser revista.
A FEPAL também alerta para a “democracia e os direitos humanos”, o “ódio e intolerância” e o “racismo, xenofobia e islamofobia”. “Não há direitos humanos sem democracia”, diz o documento. Em outro trecho, alerta que “a intolerância e o ódio matam a democracia e as liberdades civis e envenenam o convívio social”. A entidade brasileiro-palestina alerta que “árabes e descendentes, os brasileiro-palestinos incluídos, viraram alvos de nova forma de racismo e xenofobia, a islamofobia, que já virou arabofobia e palestinofobia”.
Uma política de desenvolvido também é defendida, “para a superação da pobreza e dos desequilíbrios regionais”.
Na política externa, a FEPAL defende que o Brasil mantenha sua tradição diplomática para a Palestina e aprofunde esta relação, colocando em prática os quatro acordos de cooperação entre os dois países, já aprovados pelo Congresso Nacional, nas áreas de comércio, tecnologia, educação e cultura. E pede, também, que o Brasil abandone a recente política de aliança com Israel, chegando a votar contra a Palestina na ONU e em outros organismos internacionais. Pede, ainda, a revisão dos acordos de cooperação militar com Israel, aprovados este ano. “A Constituição Federal proíbe estes acordos. Eles prejudicam a imagem do Brasil e sua indústria de defesa. Cooperar com Israel legitima seus crimes e prolonga o sofrimento do povo palestino”, diz o documento.
Para a FEPAL, é também fonte de preocupação a “israelização do Brasil”, observada nos últimos anos. “A bandeira de Israel está em atos públicos, inclusive governamentais, em púlpitos de empresas da fé e em áreas controladas pelo crime organizado, especialmente pelo narcotráfico e pelas milícias. Autoridades juram lealdade a Israel, e não ao Brasil, em ministérios e parlamentos. Nossas forças de segurança treinam em Israel e forçam compras de equipamentos e sistemas israelenses”, denuncia.
Segundo o presidente da FEPAL, a tradição diplomática brasileira e sua importância no mundo impedem que suas políticas estejam subordinadas a “interesses estrangeiros hostis”. Para ele, o Brasil “não pode se tornar um kibutz, cuja capital seja Tel Aviv”.
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