Invasões da polícia sionista a livrarias são para apagar a história da Palestina

As autoridades sionistas invadiram estabelecimentos literários, incluindo a histórica Livraria Educacional, e prenderam pelo menos três proprietários palestinos no domingo

11/02/2025

Mahmoud Muna dentro de uma filial da rede Livraria Educacional em julho de 2024. (Foto: Sally Hayden/SOPA Images/Shutterstock)

Uma operação conduzida pela polícia “israelense” em livrarias de Jerusalém Oriental nesse domingo (09) gerou protestos internacionais e acusações de censura, em meio ao extermínio de palestinos em Gaza e à repressão brutal na Cisjordânia.

As autoridades sionistas invadiram estabelecimentos literários, incluindo a histórica Livraria Educacional, e prenderam pelo menos três proprietários palestinos, sob a alegação de que os locais estariam distribuindo material considerado “incitador à violência” e “antissemita”. A ação ocorre em um momento em que cerca de 62.000 palestinos já foram assassinados por “israel” desde o 7 de outubro de 2023. Diversos agentes internacionais denunciam que a gangue de Tel Aviv, chefiada pelo procurado internacional Benjamin Netanyahu, está usando a segurança como pretexto para suprimir a cultura e a identidade palestina, completando o extermínio físico dos palestinos.

A Livraria Educacional, uma das livrarias mais antigas e renomadas de Jerusalém Oriental. Foi fundada em 1984 e é conhecida por seu vasto acervo de literatura palestina, incluindo obras históricas, políticas e culturais. Seus livros são, em sua maioria, baseados em pesquisas e publicados por instituições e editoras altamente respeitadas em todo o mundo. Além disso, oferece todo tipo de material de papelaria e suprimentos para escritório; mapas; revistas e jornais locais e estrangeiros; além de uma seleção audiovisual de DVDs e músicas. A livraria organiza constantemente lançamentos de livros, palestras, exibições de filmes e outras atividades culturais. O local também serve como um ponto de encontro para intelectuais, ativistas e estudantes.

Policiais saquearam duas filiais da Livraria Educacional na tarde de domingo, usando o Google Tradutor para examinar o estoque, e então detiveram Mahmoud Muna, de 41 anos, e seu sobrinho Ahmed Muna, 33, sob suspeita de “violação da ordem pública”. A polícia citou um único livro de colorir infantil como “evidência de incitação ao terrorismo”, embora as imagens da câmera de segurança os mostrassem enchendo vários sacos de lixo pretos com livros para levar embora durante a invasão.

“Eles entraram como se estivéssemos escondendo armas, mas tudo o que temos aqui são livros”, disse Samer, um funcionário da livraria que preferiu não revelar seu sobrenome por medo de represálias. “Eles levaram obras de poetas palestinos, historiadores e até mesmo livros didáticos. Isso não tem nada a ver com segurança, é para apagar nossa história.”

As autoridades “israelenses” justificaram as invasões afirmando que as livrarias estavam distribuindo material que “incita ao ódio e à violência contra Israel”. Entre os itens confiscados estariam livros que supostamente glorificam figuras rotuladas de “terroristas” pelo regime sionista, além de publicações que supostamente negam a existência do “estado” de “israel”. “Não podemos permitir que o discurso de ódio se espalhe sob o disfarce da liberdade de expressão”, disse um porta-voz da polícia.

O regime sionista pensa que é criativo, mas falta-lhe muita criatividade para justificar seus crimes diários. Os nazistas alemães também reprimiam os euro-judeus com esse tipo de pretexto, bem como os racistas brancos da África do Sul do Apartheid contra o povo negro, ou mesmo as ditaduras militares da América Latina, que consideravam “terroristas” quaisquer opositores, sindicalistas ou livre-pensadores. Chamam a difusão da história do povo palestino de “discurso de ódio”, que não deve ser protegido pela liberdade de expressão. Admite a entidade artificialmente criada que não passa de uma ditadura imposta de fora para esmagar e dizimar os verdadeiros donos e habitantes originários da Palestina e de parte de seu território roubado pelas potências ocidentais e batizado de “israel”.

A operação não se limitou à Livraria Educacional. Outras duas livrarias na região também foram alvo de buscas, e seus proprietários foram detidos. A ação foi coordenada com o “ministério” da Segurança Interna de “israel” (a polícia política), que tem aumentado a censura sobre instituições culturais palestinas nos últimos anos. Em 2023, uma lei fascista foi aprovada, permitindo o fechamento de organizações e estabelecimentos considerados “ameaças à segurança nacional”.

Pegou mal para os fabricantes do discurso vitimista do sionismo

A operação gerou condenação imediata de organizações de direitos humanos e governos estrangeiros. A Anistia Internacional classificou a ação como “um ataque à liberdade de expressão e à cultura palestina”. Já a União Europeia emitiu um comunicado expressando “profunda preocupação” com o que chamou de “supressão sistemática das vozes palestinas”.

Nos Estados Unidos, até o Departamento de Estado de Donald Trump e Marco Rubio pediu “transparência” nas investigações e destacou a importância de proteger os direitos fundamentais, incluindo a liberdade de expressão. “Enquanto apoiamos o direito de Israel (sic.) de garantir sua segurança, também acreditamos que é crucial garantir que medidas de segurança não sejam usadas para justificar a repressão de expressões culturais e políticas legítimas”, disse um porta-voz.

A operação ocorre em meio ao frágil cessar-fogo, que “israel” desrespeita a cada dia. Desde o início de 2025, houve um aumento significativo na repressão dos soldados sionistas aos palestinos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, com operações militares executando e prendendo civis inocentes. O regime de Netanyahu tem tentado suprimir totalmente as atividades palestinas, tanto políticas quanto culturais.

Analistas apontam que a operação nas livrarias pode ser parte de uma estratégia mais ampla para consolidar o controle ilegal de “israel” sobre Jerusalém Oriental, capital da Palestina. “Essa não é apenas uma questão de segurança”, disse Yael, uma analista política baseada em Tel Aviv. “É uma mensagem clara de que o governo não tolerará nenhuma forma de resistência, nem mesmo cultural.”

Mais um ataque aos direitos do povo palestino

Para a comunidade palestina, as livrarias são mais do que pontos de venda de livros; elas são símbolos de resistência e identidade. A Livraria Educacional, em particular, tem um significado histórico, tendo servido como um espaço para debates e eventos culturais durante décadas. O fechamento temporário e a apreensão de livros foram vistos como um golpe direto à preservação da cultura palestina.

Mahmoud e Ahmed Muna sendo humilhados no tribunal em Jerusalém na segunda-feira. (Foto: Mahmoud Illean/AP)

“Essas livrarias são nossos arquivos vivos”, disse Leila, uma estudante universitária que frequenta a livraria desde a infância. “Quando eles levam nossos livros, estão tentando apagar nossa memória coletiva. Mas não vão conseguir.”

O amor pela educação e pelo conhecimento está profundamente enraizado na cultura palestina. Ler e aprender são valorizados entre gerações, não apenas como meios de adquirir sabedoria, mas como símbolos de resiliência e conexão com a história.

Os livros sempre foram vistos como objetos de alto valor. Embora o custo e as restrições de “israel” muitas vezes limitem o acesso aos livros, o respeito por eles sempre foi universal, atravessando fronteiras socioeconômicas. Antes da nova fase do genocídio, iniciada em outubro de 2023, até mesmo famílias com recursos limitados priorizavam a educação e a narração de histórias, transmitindo uma profunda apreciação pela literatura aos seus filhos.

“A ocupação está mirando em nossas mentes e nossos corpos, mas não percebe que as ideias não podem morrer”, escreveu em dezembro a escritora e estudante de literatura em Gaza Shahd Alnaami. “O valor dos livros e bibliotecas, o conhecimento que eles carregam e as identidades que eles ajudam a moldar são indestrutíveis. Não importa o quanto eles tentem apagar nossa história, eles não podem silenciar as ideias, a cultura e a verdade que vivem dentro de nós.”

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Resistência será mantida

Enquanto os proprietários das livrarias aguardam os tradicionais julgamentos-farsa, a comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos do caso. Organizações de direitos humanos estão pressionando por uma investigação independente sobre a operação do regime, enquanto ativistas palestinos prometem continuar resistindo ao que eles sabem ser uma censura sistemática.

Por enquanto, as estantes da Livraria Educacional permanecem vazias, mas os frequentadores do local garantem que o espírito de resistência continua intacto. “Eles podem levar nossos livros, mas não podem levar nossas ideias”, disse Samer, o funcionário da livraria. “A luta pela liberdade de expressão e pela identidade palestina vai continuar, não importa o que aconteça.”

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