A catástrofe sem fim
Aqui, sob este domo dourado,
Encosto minha testa no chão
Lágrimas de meus olhos correm,
Pois dessa terra o povo me é sagrado.
Arrancada foi do chão a oliveira.
Nasceu nesta terra o Messias profetizado
Refugiado, fugiu da perseguição
Cruza o Sinai enquanto meninos morrem
O Rei da matança de inocentes foi poupado
O sangue infantil lavou a terra inteira.
Perdoa-me, rei-menino, estou desarmado
Não pude proteger da morte meu irmão
Tampouco posso impedi-los de sofrerem
Nosso povo por chuva de fogo açoitado
Bebês sob o fogo, fugindo em algibeiras.
Os fariseus, com seus trajes empoleirados
Como abutres, querem o fruto da podridão
Crêem eles que depois de terra arrasarem
Dela irá nascer, seu falso messias aguardado
Ainda que precipitem ao chão cidades inteiras.
Tu que estás à direita do Trono Dourado
Observa se o Cálamo prescreve um senão
Para quem queimou as árvores enfrentarem
Pois a Justiça há de vir do céu anuviado
Onde mártires repousam suas bandeiras.
Passaste por Gaza após cair o tirano derrotado?
Lembras dessa terra de cores em profusão?
Onde as figueiras a tudo assistirem
Contam as histórias desse povo aguerrido
Enquanto resistem ao avanço das escavadeiras.
Onde estão os milhões de árabes revoltados?
que fim levou a chama da Revolução?
Tu, que com o chicote fez os vendilhões correrem
Inspira no meu povo teu espírito enfurecido
Que lutem e parem o massacre das melancieiras.
Como podem dizer que teu evangelho têm seguido?
se comemoram cada inocente que devolvemos ao chão
Inimigos de Deus se regozijam vendo crianças sofrerem.
Não fomos todos do mesmo barro moldados
Pelo Misericordioso Deus da ardente espinheira?
Esqueceram os dez mandamentos revelados?
Que não devem roubar ou matar o irmão?
Não cobiçar o que Deus agraciou a outrem.
Nem atacar a castidade do corpo aprisionado
Não refletem que agora seu ídolo é uma bandeira?
Anciãos sobreviventes foram silenciados
Ao se levantarem contra essa nação
Ainda que “Não em nosso nome” disserem
O horror do Holocausto lhes foi sequestrado
Sua dor roubada por ideologia traiçoeira
Como pode o mundo ser pelo ódio alimentado?
Destroçar tantas mulheres, crianças, e anciãos
Como vampiros de sangue se alimentarem
Rituais satânicos, sacrifícios humanos performados
A Terra Santa profanada pelos pecados das rameiras
O som dos aviões não permite sono merecido
Os refugiados não podem faltar a atenção
Pois se ao menor segundo se distraírem
Poderão seus corpos ser desmembrados
E suas casas reduzidas a entulhos de pedreira
Não há mais hospitais para cuidar dos feridos
Não há mais escolas para levar a educação
Não há mais comida para se alimentarem
Pele e osso como esqueletos maltratados
Auschwitz ecoa nas casas e trincheiras.
Nosso povo não perde a fé no que foi revelado
Não se dobra sob as dores da inanição
Reza aos som dos minaretes ouvirem
E dão graças por mais um dia superado
O Holocausto não será a última fronteira
Apelo a ti Jesus, profeta mais amado
Rezo ao Senhor dos Mundos por redenção
Que a Ummah ao teu chamado atenderam
E que se ergam contra o anticristo armado
Munidos de Solidariedade quebrem a fronteira
Sonho com o dia que essa Nakba acabará
E que a Palestina finalmente livre se erguerá!