Quem é o conselheiro libanês de Trump para assuntos árabes e do Oriente Médio?

“Ele será um forte defensor dos Estados Unidos e dos seus interesses e estou satisfeito por tê-lo na nossa equipe!”, anunciou o republicano.

04/12/2024

Massad Boulos e Donald Trump. (Julia Demaree Nikhinson / AP)

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, escolheu o sogro de sua filha Tiffany, o empresário libanês-estadunidense Massad Boulos, para ser conselheiro sênior para o Oriente Médio e assuntos árabes.

“Massad é um advogado talentoso e um líder altamente respeitado no mundo dos negócios, com vasta experiência no cenário internacional. Ele tem sido um defensor dos valores republicanos e conservadores, um trunfo para minha campanha, e foi fundamental na construção de novas coalizões tremendas com a comunidade árabe-americana”, escreveu o republicano em 1º de dezembro em um post na rede social Truth Social, que ele criou.

O político descreveu Boulos como “um negociador e um firme defensor da paz no Médio Oriente”. “Ele será um forte defensor dos Estados Unidos e dos seus interesses, e estou satisfeito por tê-lo na nossa equipe!”, completou.

Quem é?

Massad Boulos nasceu no Líbano, mas mudou-se para o Texas ainda adolescente. Ele se formou em direito pela Universidade de Houston e mais tarde obteve a cidadania estadunidense. Depois, ele se juntou aos empreendimentos comerciais de sua família na Nigéria. Segundo a Reuters, o seu pai e o seu avô eram envolvidos com a política libanesa e o seu sogro era “um importante financiador” do Movimento Patriótico Livre, um partido cristão alinhado com o Hezbollah.

Além disso, Boulos seria amigo de Suleiman Frangieh, líder do Movimento Cristão Marada e candidato dessa corrente interna do Hezbollah na eleição presidencial libanesa de 2022-2024, observou a Reuters. Ao mesmo tempo, segundo fontes, mantém contatos com o Partido das Forças Libanesas, uma facção cristã anti-Hezbollah. Embora a agência de notícias Associated Press tenha relatado anteriormente que Boulos concorreu ao parlamento no Líbano em 2009, ele contestou esse relato em uma entrevista recente à Newsweek.

Ele também rebateu as informações sobre ser “amigo” de Frangieh, que mantém com laços com o presidente sírio Bashar al-Assad. O empresário libanês-estadunidense disse ainda que não era filiado a nenhum partido no Líbano, mas continuava “familiarizado com a maioria dos líderes cristãos libaneses”.

Além disso, se descreveu como um republicano de longa data que apoiou Trump em 2016. Ele entrou mais firmemente na órbita de Trump depois que seu filho Michael se casou com Tiffany.

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O empresário ajudou a promover a campanha de Trump nas comunidades árabes-estadunidenses este ano, organizando comícios em Michigan e em outros estados. Boulos organizou vários eventos em áreas com grandes populações árabe-estadunidenses que não apoiaram o financiamento e apoio irrestrito de Joe Biden ao genocídio de “israel” contra os palestinos da Faixa de Gaza e ao Líbano, relata a AP. Ele assegurou aos eleitores que Trump estava comprometido em acabar com as guerras no Oriente Médio.

Boulos teria atuado como intermediário entre Trump e Mahmoud Abbas no passado e se encontrado com o líder palestino à margem da Assembleia Geral da ONU em setembro, segundo o jornal sionista The Times of Israel, citando um suposto funcionário palestino. Abbas teria expressado disposição de trabalhar com Trump para chegar a uma solução de dois estados para o genocídio continuado de “israel” contra os palestinos desde 1947.

O que Trump quer para o Oriente Médio?

Sua nomeação ocorreu logo depois que Trump escolheu outro de seus sogros, Charles Kushner – cujo filho Jared Kushner é casado com Ivanka Trump – como embaixador dos EUA na França. Kushner serviu como conselheiro sênior de Trump durante seu primeiro mandato e foi perdoado pelo presidente em 2020, depois de ter sido condenado a dois anos de prisão após se declarar culpado de 18 acusações de evasão fiscal, adulteração de testemunhas e contribuições ilegais de campanha.

O anúncio da nomeação no domingo ocorre enquanto o governo Trump continua a tomar forma, particularmente em termos dos funcionários que supervisionarão a política dos EUA no Oriente Médio, embora o escopo do papel de Boulos não tenha ficado imediatamente claro.

Antes da escolha de Boulos, o presidente eleito escolheu o falcão pró-“israel” Marco Rubio como seu indicado para secretário de Estado; Mike Huckabee, um firme defensor dos assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia ocupada, como seu embaixador em “israel”; e o amigo Steven Witkoff, um empresário com pouca experiência política, como enviado especial para o Oriente Médio.

Trump prometeu repetidamente acabar com a “guerra” em Gaza e evitar uma escalada maior, mas há muito tempo já era o candidato preferido do governo genocida do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu (com ordens de prisão por crimes contra a humanidade emitidas pelo Tribunal Penal Internacional).

Durante seu primeiro mandato de 2017 a 2021, Trump abraçou “israel” completamente, mudando a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, há muito vista como a capital de um futuro estado palestino reconhecido internacionalmente; propagando a ilegal soberania israelense sobre as Colinas de Golã ocupadas na Síria; forjando uma série de acordos de colaboracionismo entre “israel” e países árabes; e permitindo a rápida expansão dos assentamentos israelenses, que são ilegais sob a lei internacional.

Sua seleção de Huckabee — um ministro cristão evangélico que em 2008 disse que “não existe palestino” — sinalizou os ingredientes de uma abordagem igualmente permissiva em seu segundo mandato.

Boulos também buscou acalmar as preocupações sobre as proibições de Trump em 2017 a viajantes de vários países de maioria muçulmana, uma ordem executiva rapidamente revertida vista como flagrantemente discriminatória.

Os esforços de Boulos receberam avaliações mistas de líderes na grande comunidade árabe-estadunidense em Michigan, um importante estado pêndulo, crucial para a vitória nas últimas eleições.

Alguns apoiaram Trump, identificando-se com sua mensagem socialmente conservadora ou apenas buscando punir Biden, enquanto outros ridicularizaram Boulos por não dar detalhes sobre como Trump traçaria um caminho diferente de Biden na região.

Com informações da RT e Al Jazeera.

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