TV “israelense” censura reportagem que expõe uma das fraudes do 7 de outubro
Sob pressão pública, uma emissora de "israel" censurou uma investigação que exporia como mentiroso uma figura central da campanha de relações públicas de Israel sobre o 7 de outubro. Rami Davidian afirmou ter resgatado mais de 750 jovens israelenses e testemunhado cenas horríveis de estupro pelo Hamas. Seus depoimentos falsos foram citados pela ONU e pela cineasta Sheryl Sandberg.
"Eu vi meninas com suas mãos amarradas para trás em cada árvore daqui", mentiu o "herói" sionista. (Foto: reprodução de reportagem)
Por Wyatt Reed*
A emissora israelense Channel 13 anunciou que não exibirá mais uma reportagem investigativa sobre as invenções de Rami Davidian, um colono glorificado como herói após alegar ter resgatado mais de 750 israelenses no festival de música Nova em 7 de outubro de 2023. A decisão veio após uma forte campanha de pressão pública.
“Estamos cientes dos sentimentos do público e das consequências da exibição do episódio e preferimos não transmiti-lo neste momento”, escreveu o Channel 13 em comunicado no dia 4 de abril. Um vídeo promocional publicado no X pelo repórter Raviv Drucker no dia anterior atraiu centenas de comentários grosseiros e cheios de insultos de colonos israelenses fanáticos. A resposta mais curtida chamava Drucker de “pedaço de merda” e o acusava de querer levar Davidian ao suicídio.
Drucker defendeu a investigação em uma publicação no X, afirmando que as mentiras de Davidian não eram “pequenos exageros”, como “aumentar levemente o número de resgatados — absolutamente não”. Em vez disso, “são histórias inventadas do começo ao fim. Histórias horripilantes que nunca, jamais aconteceram“.
As invenções de Davidian no documentário de Sheryl Sandberg
Uma das fabricações mais chocantes apareceu no filme de propaganda de Sheryl Sandberg, “Gritos Antes do Silêncio”, que mostra Davidian quase chorando em uma clareira no sul de Israel enquanto declara:
“Essas árvores… Eu vi meninas amarradas em cada uma delas, com as mãos para trás. Alguém as matou, estuprou e abusou delas aqui, nessas árvores. As pernas estavam abertas.”
Enquanto a câmera mostra árvores com cordas amarradas (provavelmente colocadas por alguém para simular a cena), Davidian continua:
“Qualquer um que vê isso sabe imediatamente que as meninas foram abusadas. Alguém as despiu, alguém as estuprou. Inseriram todo tipo de coisa em seus órgãos íntimos, como tábuas de madeira e barras de ferro.”
“Mais de 30 meninas foram assassinadas e estupradas aqui. Eu tive que fechar suas pernas e cobrir seus corpos para que ninguém mais visse o que eu vi. Ninguém pode ver esse tipo de coisa”, diz Davidian, enquanto Sandberg, com olhar preocupado, se inclina para um abraço emocionado.
A mídia tradicional abraça as mentiras
As invenções de Davidian foram imediatamente acolhidas pela grande mídia. Bret Stephens, do The New York Times, em uma resenha elogiosa do filme de Sandberg, escreveu que “a recusa de tantas pessoas em reconhecer o que aconteceu, muitas vezes acompanhada de escárnio, torna necessário” publicar suas alegações.
Um dia antes, um artigo no Washington Post citou o falso testemunho de Davidian para insistir que, comparado ao “terrível dano infligido à população civil em Gaza”, a “violência descrita no documentário de Sandberg… ocupa um plano diferente de crueldade calculada — de fato, de maldade”.
As mentiras chegam à ONU
As alegações agora desmascaradas de Davidian até entraram no infame relatório da ONU de 2024 sobre violência sexual em conflitos, que aparentemente o considerou uma “fonte confiável” para a afirmação claramente duvidosa de que havia:
“Múltiplos indivíduos assassinados, principalmente mulheres, cujos corpos foram encontrados nus da cintura para baixo, alguns totalmente nus, com tiros na cabeça e/ou amarrados, inclusive com as mãos atadas atrás das costas e presos a estruturas como árvores ou postes.“
A ONU não foi a única a levar as fantasias macabras de Davidian a sério. Como Drucker escreveu:
“Desde os ataques de 7 de outubro, Davidian transformou suas histórias em uma indústria, com palestras pagas intermináveis, em Israel e no exterior, e dezenas (ou talvez centenas) de entrevistas à mídia, nas quais ele repete incessantemente histórias que nunca aconteceram.”
Em 2024, Davidian foi escolhido para acender a tocha nacional no Dia da Independência de Israel, uma honra prestigiosa concedida devido ao seu suposto “heroísmo”.
Davidian lucra com suas histórias duvidosas
Menos de dois meses após os ataques do Hamas, Davidian já estava capitalizando suas histórias com uma turnê internacional de palestras, começando por eventos em Miami e Nova York, descritos pelo Jewish News Services (financiado por Adelson) como oportunidades para “descrever o papel que desempenhou como herói civil durante os ataques terroristas de 7 de outubro”. Em Nova York, Davidian posou ao lado do notoriamente mentiroso embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan.
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No ano seguinte, ele embarcou em uma turnê de hasbara (propaganda israelense) em universidades dos EUA, aparecendo em eventos patrocinados pelo Chabad, seita judaica de extrema-direita conhecida por seu racismo anti-árabe virulento. Em um evento na Duke University, Davidian repetiu sua história sobre encontrar corpos de mulheres nuas amarradas em árvores. Uma tradutora israelense ao vivo afirmou:
“Ele chorou, gritou: ‘Quem? Quem pode fazer isso?’ Ele tentou desamarrar os corpos e cobri-los. Fez isso por 20 minutos, depois teve que continuar… com sua missão.”
Outras histórias duvidosas
Outra anedota questionável envolve o suposto resgate de Amit Parizer, uma mulher de 23 anos descrita no LinkedIn como ex-oficial de comunicação do J6 & Cyber Defense Directorate das Forças de Defesa de Israel. Davidian, que fala árabe, afirma tê-la salvo ao se passar por um muçulmano iemenita enquanto ela era “ativamente sequestrada por cinco ou seis terroristas”.
Com a decisão de última hora do Channel 13 de cancelar a reportagem, a extensão total das mentiras de Davidian pode nunca ser conhecida. Segundo Drucker, a decisão partiu do CEO da emissora, Emiliano Kalamzuk, que nem havia assistido ao material antes de censurá-lo.
Kalamzuk disse que estava em um casamento, mas “tentaria encurtar sua estadia para assistir ao programa” e depois “conversaria à tarde”. No entanto, uma hora depois, ele já havia decidido: o episódio não seria exibido.
“Dois minutos depois, um comunicado foi enviado à mídia”, escreveu Drucker. O site Walla notou que “as palavras de Drucker levantam a suspeita de que o CEO nem assistiu à investigação antes de censurá-la”.
Uma fonte do Channel 13 confirmou a suspeita, observando que o episódio tem 53 minutos em hebraico (sem tradução), e Kalamzuk tomou a decisão em uma hora — tempo insuficiente para assistir.
Agora que o relatório foi enterrado, a natureza exata e a quantidade das invenções de Davidian permanecem obscuras. Mas uma coisa é clara: suas histórias estão tendo o efeito desejado. Enquanto participava ativamente da campanha de relações públicas de Israel para justificar o genocídio em Gaza, o “fazendeiro herói” declarou em um podcast israelense:
“Exterminem Gaza, não há nada de bom lá.“
* Reportagem publicada no portal The Grayzone em 08/04/2025.
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