A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), que neste ano completou 45 anos de história, está na reta final de preparação do seu 11° Congresso, a ser realizado entre os dias 20 e 22 de setembro, em São Paulo. Assim, a maioria das assembleias que elegerão os delegados já foi realizada.

No total, já foram eleitos 150 delegados nas assembleias comunitárias e especiais. Duas assembleias especiais – refugiados e juristas – já foram realizadas e cada uma elegeu dez delegados. Hoje (22) ocorrerá a assembleia especial das mulheres brasileiras-palestinas, que irá eleger, também, ao menos dez delegadas.

Assembleia de mulheres

A assembleia de mulheres da comunidade brasileiro-palestina é uma das mais importantes. Este 11° Congresso é o primeiro a estabelecer, em seu regulamento, a recomendação de ao menos metade dos delegados comunitários e observadores ser composta por mulheres, garantindo uma representação justa da comunidade feminina nas decisões da diáspora palestina no Brasil. As demais assembleias especiais, entre as quais ainda serão realizadas as de juventude e profissionais da saúde, também devem buscar eleger ao menos 50% de mulheres.

“O congresso é um momento de reunião de palestinos e palestinas de todo o Brasil, tão importante para a nossa identidade enquanto palestinos, e para a discussão de pautas de importância para a luta palestina do Brasil, desde discussões sobre o resgate da nossa identidade nas comunidades locais até um trabalho de conscientização dos palestinos, em nível nacional, para a conscientização sobre a Palestina no Brasil”, afirma Ashjan Sadique, titular da Secretaria de Mulheres da Fepal.

As novas regras também têm uma importância histórica, “no sentido de inserir as mulheres de forma mais efetiva no exército (ou exercício) político”, completa.

Nas palavras da vice-presidenta da Fepal, Fátima Ali, essa participação significa a melhor organização das mulheres palestinas na diáspora no Brasil. “A resistência palestina se dá na Palestina, mas também fora, pelas que foram condenadas a viver em diáspora em outros países”, diz. “O importante é se manter enquanto coletivo de mulheres em diáspora para a resistência do povo palestino.”

Participação feminina já havia sido um marco no 10° Congresso da Fepal, em 2019

“Se renunciarmos à participação as nossas mulheres, seremos 50% mais fracos frente ao enfrentamento ao genocídio palestino”, opina o presidente da Fepal, Ualid Rabah. Ele explica que a atual direção da Federação, eleita no 10° Congresso, agiu de maneira “revolucionária” na inclusão das mulheres. Atualmente, quase 40% dos cargos na instituição são ocupados por mulheres, incluindo a vice-presidência. Foi por decisão da direção eleita no 10° que se criou a Secretaria de Mulheres.

“Queremos seguir neste caminho, mas avançando ainda mais”, continua Ualid. “A Palestina não será capaz de se libertar sem a ação organizada das palestinas”, conclui.

Democratização

O novo formato de preparação do Congresso da Fepal já possibilitou que, um mês antes do início do evento, mais delegados tenham sido eleitos do que no 10° Congresso, quando 137 delegados representaram a comunidade palestina. No total, participaram 165 delegados e observadores, além de 16 convidados especiais.

Para este Congresso, o objetivo é que haja 250 delegados e observadores, além dos convidados especiais – que serão anunciados em breve. Será o maior Congresso da história de mais de quatro décadas da Fepal.

Para democratizar o acesso da comunidade palestina do Brasil inteiro ao processo decisório da Federação, foram realizadas dezenas de assembleias comunitárias, na forma presencial, nas comunidades palestinas do país. Além disso, a comissão organizadora do 11° Congresso está convocando, desde 22 de julho, assembleias comunitárias virtuais, para abranger aquelas comunidades que não as realizaram no primeiro prazo regulamentar. Com isso, a Comissão Organizadora espera que nenhum membro da diáspora fique de fora do processo.

Delegados votam no 10° Congresso da Fepal, realizado em 2019

A Fepal tem plena consciência de que, particularmente em um momento tão importante da histórica e heroica luta do povo palestino, quando dezenas de milhares de cidadãos caem mortos em Gaza pelo genocídio sionista, é necessário ampliar a participação da palestinidade nos processos decisórios de construção do movimento de libertação nacional. Até para que todos os palestinos aptos a liderar o movimento possam participar dos processos decisórios.

Exatamente por isso, uma outra novidade do 11° Congresso foi a realização de uma assembleia especial de refugiados, que elegeu dez delegados, muitos deles de Gaza, que os representarão no Congresso.

O 11° Congresso da Fepal terá a sua abertura solene no Clube Homs, na Avenida Paulista, no dia 20 de setembro. Por sua vez, as demais atividades serão realizadas no Hotel Panamby, na Barra Funda, nos dias 21 e 22. O último ato da plenária final será a eleição de uma nova direção, que comandará a entidade geral brasileiro-palestina até o próximo congresso.